quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Temer elogia desempenho de Ricardo Barros à frente do Ministério da Saúde


O presidente Michel Temer participou ontem (27/02), no Palácio do Planalto, da entrega da Medalha de Mérito Oswaldo Cruz para uma série de agraciados por feitos considerados notáveis na área de saúde. Em seu discurso, o presidente lembrou das realizações de seu governo e teceu elogios à sua equipe ministerial, com destaque para o ministro da Saúde, Ricardo Barros. Segundo o presidente, Barros foi seu "maior acerto". “Quando montamos nossa equipe econômica, em menos de dois anos de governo deu certo. Eu acertei também na educação, por exemplo. Acabamos aprovando uma reforma geral do ensino médio que era ansiada há mais de 20 anos”, disse Temer, acrescentando, “mas acho que meu acerto maior foi na escolha do Ricardo [Barros]. O Ricardo revelou-se um gestor extraordinário. Com todos os médicos com quem eu falo, rotineiramente e às vezes porque preciso de cuidados médicos, eu só recebo elogios em relação à gestão do Ricardo Barros”. Temer citou a “economia extraordinária” que o ministro fez na área de saúde, redirecionando recursos para compra de ambulâncias e equipamentos odontológicos, por exemplo. Na solenidade, o ministro Ricardo Barros anunciou a sua saída do ministério para se candidatar. “Eu vou sair assim que o presidente me permitir. Já pedi para me desligar, estou aguardando para que as articulações para a sucessão sejam consolidadas”, disse o ministro. Segundo ele, sua saída se dará no fim de março. Confira o vídeo.


Silvio Santos Participações é multada em R$ 38,1 mi pela CVM no caso Panamericano


A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) aplicou R$ 52,970 milhões em multas em um processo administrativo sancionador envolvendo o banco Panamericano (atual Banco Pan), sendo R$ 38,136 milhões à Silvio Santos Participações, holding do grupo empresarial que leva o nome do fundador e que era controladora da instituição financeira. O julgamento foi encerrado nesta terça-feira, 27, na sede da autarquia, no Rio. Além da multa milionária à empresa de Silvio Santos, a CVM aplicou multa de R$ 500 mil ao Banco Panamericano S.A. e outros R$ 14,334 milhões a 16 ex-executivos das firmas, de 17 profissionais acusados. Elinton Brobik, ex-diretor de novos negócios do Panamericano, foi absolvido. Quatro executivos foram condenados a inabilitação temporária para cargos de administração em companhias abertas: o ex-presidente do Panamericano Rafael Palladino, Wilson Roberto de Aro, ex-diretor Financeiro e de Relações com Investidores, Adalberto Savioli, ex-diretor de Crédito e Administrativo, e o ex-diretor de tecnologia Eduardo de Ávila Pinto Coelho. Palladino recebeu a maior pena, inabilitado por 15 anos. Aro foi inabilitado por 12 anos, enquanto os outros dois tomaram pena de oito anos. O processo apura irregularidades por parte de administradores, membros do conselho fiscal e de órgãos técnicos e consultivos do Panamericano. Luiz Augusto Teixeira de Carvalho Bruno, ex-diretor jurídico, não foi inabilitado, mas tomou multas que somam R$ 2,367 milhões. O grupo foi acusado de manipulação contábil das informações financeiras da instituição divulgadas ao mercado e acusado de cometer uma série de infrações decorrentes disso. Em junho de 2015, o colegiado da CVM rejeitou, por unanimidade, propostas de acordo apresentadas pelo Panamericano e quatro ex-diretores para encerrar o caso. Wilson de Aro foi apontado como o grande responsável pela fraude, conforme a acusação da área técnica da CVM, com seis irregularidades descritas. Contra Palladino, a área técnica apontou responsabilidade por cinco falhas, incluindo faltar com a lealdade, tendo em vista que ele aprovou balanços financeiros fraudados e teria conhecimento disso. No geral, a acusação pediu a condenação de todos os acusados, incluindo os 17 executivos e as duas empresas. Relator do caso no Colegiado na CVM, o diretor Henrique Machado concordou em quase tudo e condenou todos os acusados, menos Brobik. "O diretor de crédito apresentava alternativas ilícitas para o diretor financeiro melhorar o resultado do banco", disse Machado, ao descrever os ilícitos em seu voto. O Panamericano e seus ex-executivos são alvo de outros quatro processos administrativos sancionadores na CVM, instaurados desde 2011. Palladino, Aro, Savioli e Carvalho Bruno também foram condenados na Justiça. Eles fazem parte de um grupo de sete ex-executivos do Panamericano condenados, dias antes do carnaval, pelo juiz João Batista Gonçalves, da 6ª Vara Federal Criminal, em São Paulo, por crimes contra o sistema financeiro nacional. Outros dez acusados foram absolvidos. Em agosto de 2012, o Ministério Público Federal em São Paulo denunciou 14 ex-diretores e três ex-funcionários do Panamericano, no total de 17 pessoas. Alguns dos réus nesse processo também são investigados no processo administrativo julgado nesta terça-feira pela CVM, mas o número total de acusados é coincidência. Após a condenação judicial antes do carnaval, as defesas dos acusados informaram ao Estadão/Broadcast que iriam recorrer. No julgamento desta terça-feira, a defesa de Palladino pediu suspensão e adiamento da sessão, com o intuito de esperas as conclusões da investigação da Polícia Federal e do Ministério Público Federal no âmbito da Operação Conclave. Deflagrada ano passado, a operação investiga a venda do Panamericano para a Caixa Econômica Federal, em 2009. Os problemas no Panamericano vieram à tona em setembro de 2011, quando a fiscalização do Banco Central (BC) descobriu que a instituição financeira tinha um buraco de R$ 2,5 bilhões. Silvio Santos tomou um empréstimo no Fundo Garantidor de Crédito (FGC, fundo criado pelos bancos para garantir parte do dinheiro dos depositantes em caso de quebra) e deu seu patrimônio como garantia. No fim das contas, o Panamericano precisou de R$ 4,3 bilhões para acertar as contas do banco antes de ser vendido ao banco BTG Pactual, também em 2011.

terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Menos capacidade ociosa em frigoríficos do MT, diz Imea


Os frigoríficos de Mato Grosso começaram o ano mais produtivos. Em janeiro, a utilização da capacidade instalada atingiu 53,37%, índice 10,02 pontos percentuais maior do que registrado em igual mês de 2017, segundo o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea). Com isso, no mês passado, o estado abateu 451,4 mil cabeças, 6% a mais do que em igual período do ano passado.  "O atual momento do ciclo pecuário, que demonstra cada vez mais fêmeas indo para a linha de abate (participação de 48,33% em janeiro de 2018), incentivou a abertura de diversas plantas frigoríficas nos últimos meses", diz o Imea em relatório. O instituto afirma que há ainda muito espaço produtivo a ser preenchido. "Mesmo assim, a expectativa de aumento na oferta de animais e o histórico de crescimento da pecuária matogrossense tem animado as indústrias e já há expectativas para abertura de mais frigoríficos", diz.  Ao longo de 2017, Mato Grosso ampliou e diversificou sua produção. Cinco unidades foram abertas ou reabertas no ano passado, em Nova Xavantina, Mirassol do Oeste, São José dos Quatro Marcos, Barra do Bugres e Várzea Grandes. Além das plantas reativadas no ano passado, a Marfrig confirmou a reabertura da unidade de Pontes e Lacerda em 2018 e a Frigol arrendou a planta de Juruena. Fora isso, neste mês, a JBS ampliou em 50% a capacidade de abate de bovinos no frigorífico de Barra do Garças.

terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

Os cotados para assumir o novo Ministério de Segurança

O presidente Michel Temer fez o primeiro anúncio público sobre a criação de um Ministério de Segurança Pública em uma reunião no último sábado (17/02), mas não citou quem seria seu indicado para assumir a pasta. O projeto, no entanto, é mais antigo, e atende a uma reivindicação da chamada “bancada da bala” na Câmara dos Deputados. Há algumas semanas, portanto, já circulam pelo Planalto alguns nomes de candidatos ao posto de futuro ministro. No domingo (18/02), o ministro da Justiça, Torquato Jardim, afirmou que o perfil desejado pelo governo é alguém reconhecido e com interlocução política com governadores e com o Congresso. “Criar o ministério da segurança Pública não é colocar no colo da União os problemas que são dos Estados”, salientou. Para o presidente do Senado, Eunício Oliveira, no entanto, a escolha de um nome só deve ser feita após a criação do novo ministério. Com informações da revista Exame.

Veja quem são os mais cotados para o posto, até agora:


Fleury Filho


Um dos principais cotados para assumir o novo ministério é o ex-governador de São Paulo Luiz Antonio Fleury Filho. Foi sob a sua gestão que ocorreu o “Massacre do Carandiru”, quando pelo menos 111 presos foram executados dentro do complexo penitenciário na capital paulista. Ao jornal O Globo, auxiliares de Temer confirmaram que existe um lobby dentro do governo para que ele seja indicado. Fleury foi procurado pela publicação, mas disse não ter sido consultado sobre uma possível indicação.


José Beltrame 


Outro nome aventado pelo governo é o do ex-secretário estadual de Segurança Pública do Rio de Janeiro José Mariano Beltrame. Ele foi um dos responsáveis pela política de implantação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) nos morros cariocas. Beltrame é favorável à privatização dos presídios brasileiros e já criticou o governo federal por se eximir de suas responsabilidades nas questões de segurança pública.


Gustavo Rocha


Gustavo Rocha, subchefe da Casa Civil, também é uma opção, segundo o jornalista Rudolfo Lago, da IstoÉ. Rocha é o principal assessor jurídico de Temer e já tentou várias vezes ser alçado a um posto como ministro, segundo reportagem de O Globo. De acordo com o Valor Econômico, Rocha é acostumado a atuar nos bastidores do governo e aconselha Temer em suas decisões importantes, sejam elas jurídicas, políticas ou pessoais.


Raul Jungmann


O deputado pernambucano é o atual ministro da Defesa do governo Temer. Jungmann foi secretário-geral da Frente Brasil Sem Armas e atuou no Congresso para a realização do referendo sobre o comércio de armas de fogo e munição no país, em 2005, quando defendia a proibição da comercialização de armas em todo o território nacional. No governo Fernando Henrique, foi ministro do Desenvolvimento Agrário; no de Itamar Franco, foi secretário-executivo do Ministério do Planejamento.

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Ministro Ricardo Barros hoje no "Roda Viva" da TV Cultura


O Ministro da Saúde, o paranaense  Ricardo Barros, é o entrevistado desta segunda-feira no conhecido programa de entrevistas "Roda Viva", da TV Cultura, a partir das 22:15. Falará sobre a saúde no Brasil, a crise da "febre-amarela" e o cenário eleitoral. Sua esposa é a vice-governadora do Paraná Cida Borghetti que, segundo os bastidores da política, assumirá o governo do Paraná com a eventual desincompatibilização (saída para poder disputar a próxima eleição) do governador Beto Richa.

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Políticos se dividem sobre decreto de intervenção federal no Rio


Do jornal "O Globo", do Rio de Janeiro: A decisão do presidente Michel Temer (PMDB-SP) de decretar uma intervenção federal na segurança pública do Rio dividiu políticos sobre a necessidade da medida e acendeu as críticas sobre a perda de controle da administração do governador Luiz Fernando Pezão. Enquanto uns citam a emergência da violência no estado, alguns se preocupam com a instalação de um regime de exceção e outros acusam o desvio da pauta legislativa. O próprio chefe do Executivo estadual admitiu que "não dava mais" e pediu a iniciativa. O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), explicou que o Congresso deve concluir a avaliação do emprego das forças no Rio até quarta-feira. Maia foi um dos deputados contrariados pela medida. Ele acabou convencido da necessidade da intervenção pelos apelos de Pezão, mas destacou que não há margem para erros e que o programa federal "precisa dar certo de qualquer jeito". "Está se dando um salto triplo sem rede: não dá para errar" — ressaltou o presidente da Câmara.O acordo de Temer e Pezão, que ainda precisa ser publicado e aprovado pelo Congresso, agradou os congressistas afeitos ao endurecimento da política de segurança no Rio. O deputado federal Hugo Leal (PSB-RJ), usou as redes sociais para apoiar a medida. "Antes tarde do que nunca. Já", escreveu no Facebook, ao compartilhar a postagem de um discurso seu, de agosto de 2016, em que considerava a intervenção no estado "inevitável". Na ocasião, Leal era candidato a vice-prefeito da cidade, na chapa de Índio da Costa, e pedia a atuação federal em função da "calamidade das contas estaduais", não da segurança. Índio da Costa (PSD-RJ), agora ex-secretário municipal de Urbanismo, Infraestrutura e Habitação, também mostrou aos seguidores que é favorável à intervenção e ainda acusou a demora da iniciativa. "Pedi a intervenção no dia 06/07/2016. Por que demorou tanto, Michel Temer? Quanta gente perdeu a vida com essa demora", comentou o deputado federal, que reassumiu o mandato em janeiro. A deputada federal Clarissa Garotinho (PRB-RJ) aproveitou a notícia da intervenção para criticar Pezão, sem expressar opinião sobre a medida. "Total descontrole do Estado...", destacou ela. Em comentário publicado em suas redes sociais, o senador Álvaro Dias (Podemos-PR) destacou que o Rio é o retrato do caos na segurança, o que é regra no país. "O governo perdeu essa batalha, e quando se anuncia a intervenção no Rio é a revelação da incompetência do governo", frisou o político, que também atribuiu a crise à corrupção no poder público. Já o deputado Glauber Rocha (PSOL-RJ) defendeu que o governador do Rio perdeu a capacidade de gerir não só a segurança, mas todas as áreas do estado. Na visão dele, que propõe uma saída coletiva de Pezão e seus aliados, a intervenção não resolve o problema da população. "Querem vender a ilusão de que esta seja uma alternativa que resolve os probelmas graves de segruança do Rio. Não resiolve. Eu pergunto a vcês: se Pezão não tem cndições de gerir a segurança pública, e não tem mesmo, ele tem condições para gerir a saúde, a educação, as outras áreas de governo? Logicamente que não", destacou o deputado em vídeo ao vivo no Facebook. O deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ) ressaltou que Pezão "perdeu o controle do que nunca foi capaz de gerir" e defendeu que uma ação das Forças Armadas tem riscos de violar direitos civis e não é uma solução para os conflitos "muitos graves". Para ele, a medida "populista" vem para tentar reverter os danos à bancada do PMDB em ano de eleições. No mesmo tom, seu correligionário Ivan Valente (RJ) sustenta que a medida, a qual chamou de "intervenção militar", é uma tentativa de Temer para esconder o fracasso de seu governo. O objetivo, segundo ele, seria usar um problema gravíssimo para mudar "na mão grande" a pauta legislativa. "Temer tenta com essa manobra salvar sua própria pele, a preocupação com a segurança da população fluminense é o que menos aflinge o governo. Por isso, uma intervenção sem um Plano de Segurança Pública, sem tratar de questões estruturais, sem ir ao cerne do problema. Mais uma vez, um problema estrutural é tratado de forma superficial. (...) No final, quem mais uma vez pagará o pato é a população", escreveu Valente no Facebook. Em polo ideológico oposto aos dos psolistas, o senador Wilder Morais (PP-GO), defendeu com letras maiúsculas a decisão do governo. "Nós queremos um país seguro! Intervenção federal já!!!! Depois da aprovação do nosso relatório para reformular a política nacional de segurança pública, conseguimos mais um grande avanço para acabar com o poder das facções!!!!", frisou Morais, autor do projeto de um plebiscito para revogar o Estatudo do Desarmamento. No Senado, o PT já mostra que não dará anuência à medida de Temer. Na visão da senadora Gleisi Hoffmann (RS), a intervenção militar no Rio "pode ser uma brecha para se instaurar um regime de exceção" no estado que dê margem para "repressão direta, inclusive contra movimentos sociais". Ela também lembrou que, com a proposta aprovada pelo Congresso, ficam vetadas alterações na Constituição do país, o que suspende a articulação para a votação da reforma da Previdência. Para o deputado petista Paulo Teixeira (SP), a medida é "desnecessária e populista" e apenas aprofunda o Estado de exceção. A atitude seria uma forma de "Bolsonarização" do governo, segundo ele, em referência ao deputado Jair Bolsonaro, que defende uma dura política de segurança. "Temer tenta se salvar na busca de apoio " à guerra" que agora travará com tropas nas ruas e suspensão de direitos civis", avaliou. O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) considerou um "eufemismo" a noção de que a intervenção federal é na segurança pública. "O presidente partiu para o tudo ou nada visando conservar o seu bloco no poder: o governo impopular começará a travar uma nova Guerra das Malvinas. De quebra, arrumou uma saída "honrosa" para evitar a derrota na reforma da previdência", ressaltou o petista. Na visão de Lindbergh, o decreto, ao qual chamou de "bomba do dia", fecha o governo Pezão dez meses antes do prazo, com o legado de uma crise de segurança "que o governador não titubeou em terceirizar".

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Ricardo Lewandowski: Presunção de inocência

Transcrevo aqui opinião do Excelentíssimo Ministro do Supremo Tribunal Federal Ricardo Lewandowski publicado no jornal Folha de São Paulo, da última sexta-feira (09/02/2018).



A presunção de inocência representa talvez a mais importante das salvaguardas

Ricardo Lewandowski

As constituições modernas surgiram na esteira das revoluções liberais do século 18 como expressão da vontade do povo soberano, veiculada por seus representantes nos parlamentos.

Desde então, revestiram-se da forma escrita para conferir rigidez aos seus comandos eis que foram concebidas como instrumentos para conter o poder absoluto dos governantes, inclusive dos magistrados.

Apesar de sua rigidez, logo se percebeu que as constituições não poderiam permanecer estáticas, pois tinham de adaptar-se à dinâmica das sociedades que pretendiam ordenar, sujeitas a permanente transformação. Se assim não fosse, seus dispositivos perderiam a eficácia, no todo ou em parte, ainda que vigorassem no papel.

Por esse motivo, passou-se a cogitar do fenômeno da mutação constitucional, que corresponde aos modos pelos quais as constituições podem sofrer alterações.

Resumem-se basicamente a dois: um formal, em que determinado preceito é modificado pelo legislador ou mediante interpretação judicial, e outro informal, no qual ele cai em desuso por não corresponder mais à realidade dos fatos.

Seja qual for a maneira como se dá a mutação do texto constitucional, este jamais poderá vulnerar os valores fundamentais que lhe dão sustentação.

A Constituição Federal de 1988 definiu tais barreiras, em seu art. 60, 4º, denominadas de cláusulas pétreas, a saber: a forma federativa de Estado; o voto direto, secreto, universal e periódico; a separação dos Poderes; e os direitos e garantias individuais.

A presunção de inocência integra a última dessas cláusulas, representando talvez a mais importante das salvaguardas do cidadão, considerado o congestionadíssimo e disfuncional sistema judiciário brasileiro, no bojo do qual tramitam atualmente cerca de 100 milhões de processos a cargo de pouco mais de 16 mil juízes, obrigados a cumprir metas de produtividade pelo Conselho Nacional de Justiça.

Salta aos olhos que em tal sistema o qual, de resto, convive com a intolerável existência de aproximadamente 700 mil presos, encarcerados em condições sub-humanas, dos quais 40% são provisórios multiplica-se exponencialmente a possibilidade do cometimento de erros judiciais por magistrados de primeira e segunda instâncias.

Daí a relevância da presunção de inocência, concebida pelos constituintes originários no art. 5º, LVII, da Constituição em vigor, com a seguinte dicção: ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença criminal condenatória, o que subentende decisão final dos tribunais superiores.

Afigura-se até compreensível que alguns magistrados queiram flexibilizar essa tradicional garantia para combater a corrupção endêmica que assola o país.

Nem sempre emprestam, todavia, a mesma ênfase a outros problemas igualmente graves, como o inadmissível crescimento da exclusão social, o lamentável avanço do desemprego, o inaceitável sucateamento da saúde pública e o deplorável esfacelamento da educação estatal, para citar apenas alguns exemplos.

Mesmo aos deputados e senadores é vedado, ainda que no exercício do poder constituinte derivado do qual são investidos, extinguir ou minimizar a presunção de inocência.

Com maior razão não é dado aos juízes fazê-lo por meio da estreita via da interpretação, pois esbarrariam nos intransponíveis obstáculos das cláusulas pétreas, verdadeiros pilares de nossas instituições democráticas.

RICARDO LEWANDOWSKI é professor titular de teoria do Estado da Faculdade de Direito da USPe  ministro do Supremo Tribunal Federal

sábado, 10 de fevereiro de 2018

Twitter tem 1º lucro, após liberar 280 caracteres


O "microblog" Twitter registrou o primeiro lucro líquido trimestral desde que abriu seu capital, em 2013, impulsionado pelo aumento nas vendas de anúncios em vídeo, anunciou a empresa na quinta-feira (08/02). A rede social teve lucro líquido de US$ 91,1 milhões no quarto trimestre de 2017, revertendo prejuízo de US$ 21 milhões nos três meses anteriores e de US$ 167,1 milhões no quarto trimestre de 2016. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado no quarto trimestre de 2017 foi de US$ 308 milhões, ante US$ 215 milhões no ano anterior. A receita também aumentou, 2%, em relação a 2016, para US$ 731,6 milhões. Com os resultados, as ações do Twitter subiram 12,15% nesta quinta, cotadas a US$ 30,18. No ano fiscal de 2017, porém, a empresa fechou com prejuízo de US$ 108 milhões. Para 2018, o Twitter diz esperar ser lucrativo o ano todo. "O resultado de agora é reflexo de uma estratégia que o Twitter vem adotando desde o final de 2016 para refinar e simplificar a plataforma, tornando a experiência mais intuitiva e fácil para o usuário", afirma Fiamma Zarife, diretora-geral do Twitter Brasil. Sem revelar números, ela diz que o Twitter no Brasil registrou recorde de receita em 2017 --a plataforma começou a operar no país em 2013. Uma das principais novidades consolidadas pelo Twitter no último trimestre foi o aumento do limite de 140 para 280 caracteres por postagem. "O Twitter é sobre instantaneidade, não sobre caracteres. E há um público que agora consegue se expressar de maneira mais fácil e confortável", diz Zarife. O Twitter parece também ter encontrado boa receptividade dos anunciantes por vídeos. "O nosso grande motor de crescimento hoje é o vídeo, que é seis vezes mais retuitado do que qualquer outro conteúdo", afirma Zarife. O número de usuários ativos diariamente no Twitter subiu 12% no último trimestre de 2017, ante 2016. Os usuários mensais, porém, cresceram menos (4%), e mantiveram-se estáveis em relação aos três meses anteriores. Foram 330 milhões de usuários ativos mensais no quatro trimestre. A contagem é observada de perto pelos investidores como sinal de potencial de vendas de anúncios. O Twitter disse que o uso foi prejudicado por fraqueza sazonal e por uma mudança que a Apple fez no seu navegador Safari, que reduziu a conta dos usuários em 2 milhões. Em carta aos acionistas, o Twitter disse ainda que intensificou os esforços para reduzir spams, contas automatizadas (os "bots") e usuários falsos. Recentemente, reportagem do jornal "The New York Times" revelou como uma empresa "turbinava" perfis de atletas e astros da televisão com contas falsas na rede social.

Twitter /4º.tri.2017

LUCRO LÍQUIDO US$ 91,1 milhões

USUÁRIOS ATIVOS (MÊS) 330 mi

PRINCIPAIS CONCORRENTES Facebook, Instagram e Snapchat

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Paraná tem novo secretário de Segurança Pública


O delegado Júlio Reis foi anunciado como o novo secretário da Segurança Pública e Administração Penitenciária (Sesp). Ele vai substituir o delegado federal Wagner Mesquita. A informação foi divulgada pelo governador Beto Richa, durante entrevista coletiva na manhã desta segunda-feira (05/02). “Precisamos de mais unidade nas ações da segurança pública, com as forças policiais, tanto a Polícia Militar do Estado quanto a Polícia Civil. Para que as coisas aconteçam numa velocidade rápida, em perfeita harmonia, para que possamos ter mais efetividade no combate à criminalidade do estado”, comentou o governador. Richa justificou a indicação de Júlio Reis por seu desempenho como delegado-geral da Polícia Civil e ainda afirmou que ele foi “muito bem aceito por todos”. “Ele é um bom policial, cumpre bem papel na condução da Polícia Civil do Estado. Tivemos muitos avanços através de sua liderança na instituição”, disse. Ainda não foi detalhado quando será a posse do novo secretário. A relação de Mesquista com o governador Beto Richa ficou comprometida após o episódio em que uma família esperou por mais de 14 horas até que uma viatura do Instituto Médico Legal (IML) recolhesse o corpo de um jovem assassinado em Colombo, em janeiro. “Aquilo me irritou bastante. Foi um descaso, uma situação desumana”, disse o governador, que ainda classificou a situação como inaceitável. No entanto, ele ponderou e afirmou que a troca do comando da Sesp não foi motivado pelo episódio. Richa comentou ainda que Mesquita entendeu a substituição e ainda agradeceu o delegado federal pelo serviço. “Reconheço publicamente o bom trabalho do delegado Mesquita em todo esse período que ele ficou à frente da secretaria. Os números comprovam esse entendimento”.