quarta-feira, 29 de maio de 2019

Extrema direita avança, mas partidos pró-Europa obtêm maioria nas eleições

Os partidos comprometidos com o fortalecimento da União Europeia conquistaram dois terços dos assentos no Parlamento Europeu, segundo estimativas sobre as eleições do bloco, que se encerraram ontem, após quatro dias de votação. No entanto, os eurocéticos de extrema direita e nacionalistas avançaram, obtendo cerca de 25% das cadeiras - embora menos dos 30% que esperam eleger. Os ganhos obtidos dos nacionalistas e populistas de direita - combinados com um bom desempenho dos verdes - confirmaram o enfraquecimento dos partidos tradicionais da Europa. O presidente da França, Emmanuel Macron, que sempre defendeu que a UE é a resposta para os desafios de uma economia globalizada, sofreu um golpe pessoal ao ver seu movimento centrista, o Em Marcha, ficar atrás do partido anti-imigração de Marine Le Pen, a Reunião Nacional (RN). No entanto, o partido de Macron contribuiu para os ganhos dos liberais na Europa. Com o bom resultado também dos verdes, os grupos de centro pró-UE perderam 20 cadeiras, mas garantiram 505 de um total de 751, de acordo com projeções da UE. Com 178 eurodeputados, 38 a menos do que e m 2014, o Partido Popular Europeu (PPE, de direita) continua a maior força, mesmo sem ser maioria. Seus tradicionais aliados, os social-democratas, caíram de 185 para 152 representantes.  Juntos, espera-se que os dois grupos caiam de 401 parlamentares para 330 nos próximos cinco anos - para eleger o novo chefe da Comissão Europeia é preciso 376 votos. Com base nesse resultado, sem maioria clara, caberá aos líderes europeus escolher os próximos presidentes das principais instituições europeias. O resultado também complica o processo legislativo, com o fim da "grande coalizão" de dois partidos. As forças pró-Europa seguem no controle da Casa com o avanço dos liberais, que passaram de 69 para 108 cadeiras, e dos verdes, que progrediram para 67. Para analistas, essas duas vozes deverão agora ter mais poder. As urnas também diminuíram as esperanças dos ultradireitistas de França e Itália de tentar interromper a integração da UE - os grupos eurocéticos de direita ficaram com 169 deputados no total, segundo projeções divulgadas ontem. A Europa das Nações e Liberdades, à qual pertencem os partidos ultradireitistas, passou de 36 eurodeputados para 57. As tensões entre nacionalistas, que incluem também os partidos polonês e húngaro, e o novo Partido do Brexit, do nacionalista britânico Nigel Farage, limitaram o poder de articulação do grupo. "O importante é que os ganhos para os extremistas não foram muito substanciais", disse Guntram Wolff, chefe do centro de estudos Bruegel, em Bruxelas. O partido de Farage, inserido no grupo Europa da Liberdade e Democracia Direta, no entanto, passou de 14 cadeiras para 56, enquanto os Conservadores e Reformistas Europeus britânicos, da coalizão da qual participa o Partido Conservador, de Theresa May, perderam 16 cadeiras, ficando com 61. May anunciou, na quinta-feira, que deixará o cargo de premie após falhar em suas tentativas de aprovar um acordo sobre o Brexit no Parlamento. Autoridades europeias celebraram o aumento do comparecimento, de 43%, em 2014, para 51%. Foi a primeira inversão de uma tendência de queda da participação desde a primeira votação no bloco, em 1979. Mais alta em 20 anos, a participação pode conter um pouco o temido "déficit democrático", que tem minado a legitimidade dos legisladores da UE. (Com agências internacionais).

terça-feira, 28 de maio de 2019

Uso de carvão ou lenha para cozinhar cresce 27% e atinge 14 milhões de lares

O uso de carvão (ou lenha) e da eletricidade para cozinhar alimentos cresceu fortemente nos lares do país entre 2016 e 2018, mesmo período em dispararam o desemprego e o preço do gás de cozinha, segundo a pesquisa domiciliar do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O número de domicílios que usava carvão ou lenha para cozinhar cresceu 27% em dois anos, para 14 milhões de lares. São 3 milhões a mais em apenas dois anos. Do total de domicílios do país, 21,8% usavam esse tipo de energia – ou seja, um em cada cinco domicílios do país. Já o total de domicílios que usam energia elétrica para preparação de alimentos chegou a 37,9 milhões, crescimento de 72% de 2016 a 2018. O uso de bens como micro-ondas, fogão e fritadeiras elétricas era uma opção, pela primeira vez, em mais da metade (53,5%) dos lares do país. Parte do movimento está ligada à busca de fonte mais barata de energia na cozinha. Mas uma parcela significativa do movimento também tem ver com a maior compreensão das famílias, a cada ano, de que a eletricidade é um insumo quando, por exemplo, usam micro-ondas – e passam a informar isso aos agentes do IBGE. A pesquisa não detalha, porém, a renda das famílias que passaram a informar usar carvão como fonte de energia para cozinhar. O levantamento mostra, porém, que crescimento do uso foi maior em unidades da federação mais ricas como Distrito Federal (136%) e São Paulo (152%) do que em pobres como Alagoas (13%) e Maranhão (18%). Segundo o IBGE, o gás de botijão ficou 24% mais caro de 2016 a 2018. O gás encanado, por sua vez, avançou 27% no período. Os números referem-se ao IPCA, que mede a inflação das famílias com renda de um a 40 salários mínimos. Os reajustes foram mais intensos em 2017. Em 2019, as variações têm sido moderadas. Foi em junho de 2017 que a Petrobras aprovou uma nova política de reajuste de preços para a comercialização às distribuidoras do Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) comercializado em botijões de até 13 kg. O objetivo era pôr fim a anos de subsídio. Além dessa nova política, os últimos anos foram marcados pela perda de empregos e lenta recuperação do mercado de trabalho. No fim do ano passado, o país tinha 12,1 milhões de pessoas procurando emprego no país, dos quais 3,6 milhões na região Nordeste, a mais pobre. Apesar dos reajustes, o gás de botijão e encanado segue como a principal fonte de energia para a preparação de alimentos no país, presente em 98,2% dos domicílios. Esse uso era superior a 95% em todos os Estados do país.

sexta-feira, 24 de maio de 2019

População com mais de 65 aumenta 26% em 6 anos

A população brasileira com 65 anos ou mais cresceu 26% de 2012 a 2018, ao passo que a população de até 13 anos recuou 6%, mostram dados da pesquisa "Características Gerais dos Domicílios e dos Moradores 2018", divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A população residente no Brasil no ano passado foi estimada em 207,8 milhões de pessoas, 5,1% a mais do que em 2012. As pessoas com 65 anos ou mais de idade representavam 10,5% desse total, o correspondente a 21,9 milhões de pessoas. A parcela de crianças era 18,6% do total, o equivalente a 38,6 milhões de pessoas. Segundo Adriana Beringuy, pesquisadora do IBGE, apesar de o contingente de crianças permanecer muito superior ao de idosos, o envelhecimento da população reforça a necessidade de políticas voltadas aos idosos. "É preciso observar se o Estado e a sociedade estão se preparando", disse a pesquisadora. O mudança do perfil demográfico também reforça a importância da reforma da Previdência. Com o declínio da população em idade ativa, a tendência é de menor número de contribuintes para sustentar os benefícios dos aposentados. "Você vai precisar aumentar a produtividade desses jovens para compensar isso", acrescentou ela. A pesquisa do IBGE mostrou ainda que o número de brasileiros que se declararam pretos aumentou 32,2% entre 2012 e 2018, para 19,2 milhões de pessoas. Esse aumento representou um acréscimo de 4,7 milhões de pessoas, no período, que se declararam dessa forma. Esse avanço foi muito superior aos de outras classificações no período. A população brasileira que se declara parda subiu 8% entre 2012 e 2018, para 96,7 milhões. Já a população que se autodenomina branca caiu 2,7% no período, para 89,7 milhões. Na comparação de 2018 com 2017, o mesmo fenômeno se repete. Para Maria Lucia Vieira, economista do instituto, o avanço pode estar relacionado à política de autoafirmação da população preta no país. Pessoas que, no passado, se declaravam como brancas ou pardas agora se reconhecem como de outra cor. "Mas não sabemos até que ponto isso [o resultado] pode estar ligado a essa política de autoafirmação" disse, frisando que o IBGE, quando faz a pesquisa, apenas pergunta a pessoa em qual classificação ela se define. Outra mudança em curso identificada pela pesquisa tem a ver com o papel das mulheres nos domicílios do país. Nos últimos seis anos, 9 milhões de mulheres passaram a exercer a função de "chefe de família". No mesmo período, 661 mil homens perderam essa função.  As mulheres apontadas como pessoa de referência na família representavam 45% dos domicílios, oito pontos percentuais a mais do que o verificado em 2012, início da série histórica da pesquisa do IBGE. A pesquisa permite uma interpretação subjetiva do termo "pessoa de referência". Nas entrevistas, os agentes do IBGE não deixam explícito se essa pessoa de referência é necessariamente a pessoa que assume a maior parte das despesas.

terça-feira, 21 de maio de 2019

Assembleia Legislativa do Paraná volta a insistir em orçamento impositivo


A Assembleia Legislativa retoma nesta semana a discussão de uma iniciativa que pode obrigar o governo do Estado a destinar cerca de centenas de milhões de reais ao ano para atender a projetos e obras indicados pelos deputados através de emendas individuais ào Orçamento. Pela Proposta de Emenda Constitucional (PEC) do chamado “Orçamento impositivo” que terá sua admissibilidade votada na Comissão de Constituição e Justiça da Casa nesta terça-feira (21), o governo ficaria obrigado a executar as emendas parlamentares no porcentual de até 1,2% da receita corrente líquida prevista na lei orçamentária. Caso valesse para o Orçamento de 2019, por exemplo, cuja receita prevista é de R$ 57,3 bilhões, o Estado teria que destinar cerca de R$ 690 milhões aos projetos indicados pelos deputados para suas bases eleitorais este ano, o equivalente a R$ 12,7 milhões para cada um dos 54 parlamentares. Atualmente, o atendimento das emendas dos deputados ao Orçamento é facultativo. Na prática, os últimos governos não têm destinado os recursos para elas sob a alegação de dificuldades financeiras. Nesse contexto, as emendas acabam muitas vezes sendo usadas como moeda pelo Executivo em troca de apoio político no Legislativo. Na justificativa da proposta que será votada amanhã pela CCJ, e é subscrita pelo presidente da comissão, deputado Fernando Francischini (PSL), e diversos outros parlamentares da base do governo Ratinho Júnior, a alegação é de que a medida traria “independência da atuação do Parlamento diante do Executivo”. A PEC repete praticamente o mesmo texto de proposta semelhante apresentada em junho do ano passado, com o apoio de 42 deputados. Apesar de ter recebido parecer favóravel da mesma CCJ em agosto, a iniciativa não chegou a ser votada em plenário. Deputado estadual na época, o hoje governador Ratinho Júnior (PSD) foi um dos parlamentares que subscreveram a proposta. Na legislatura anterior, ainda o primeiro mandato do governo Beto Richa (PSDB), os deputados já haviam apresentado proposta semelhante, mas ela também acabou arquivada por falta de interesse do Executivo na sua aprovação. No plano federal, o Orçamento impositivo já vigora desde 2015, quando foi aprovado pelo Congresso já em meio à crise que resultou no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Recentemente, os deputados aprovaram outra PEC, que amplia o mecanismo, tornando obrigatório que o governo federal destine também recursos para atender as emendas de bancada. O Orçamento da União para 2019 prevê R$ 1,434 trilhões de despesas primárias. Deste total, 90,4% são despesas obrigatórias, e 9,6%, despesas não obrigatórias. Ao todo, estão previstos R$ 45 bilhões para o custeio da máquina pública. Pela proposta, as emendas de bancadas estaduais que deverão ser executadas obrigatoriamente se referem a programações de caráter estruturante - obras e equipamentos - até o montante global de 1% da receita corrente líquida realizada no exercício anterior ao da elaboração do orçamento. Atualmente, o pagamento é obrigatório somente em parte das emendas individuais dos congressistas, as chamadas “emendas impositivas”. O governo já é obrigado a executar 1,2% da receita com as emendas individuais. A medida foi vista como nova derrota para o governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) no Congresso, já que engessaria ainda mais a execução do Orçamento, em um momento de crise financeira da União. Com o Orçamento impositivo, o governo teria ainda menos margem de manobra na gestão dos recursos. A discussão sobre o Orçamento impositivo também deve dar impulso ao debate da proposta do governo Ratinho Jr. (PSD) de redução dos repasses de recursos ao Legislativo e Judiciário na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2020. A proposta apresentada pelo Executivo prevê a redução de 18,6% para 17,6% do porcentual da receita líquida anual que o governo é obrigado a repassar aos demais poderes. Ela também prevê a exclusão das verbas do Fundo de Participação dos Estados (FPE) da base de cálculo para esses repasses. O anteprojeto de LDO prevê para 2020 uma receita de R$ 55,8 bilhões. O FPE do Paraná de 2019 está estimado em quase R$ 2,2 bilhões, dos quais quase R$ 400 milhões estão reservados para os demais Poderes. Cada poder tem uma parcela fixa do Orçamento do Estado. No Orçamento de 2019, em vigor, 9,5% da receita fica com o Tribunal de Justiça; 4,1% com o Ministério Público; 3,1% fica com a Assembleia Legislativa; e 1,9% fica com o Tribunal de Contas. Na legislatura passada, o governo Beto Richa tentou por diversas vezes retirar o dinheiro do FPE da base de cálculo dos repasses para outros poderes, mas a medida sempre foi rechaçada pelos parlamentares, inclusive da base de apoio do Executivo, sob o temor de confronto com o Judiciário, Ministério Público e Tribunal de Contas. No final do ano passado, uma proposta para reduzir o repasse para a própria Assembleia encampada por Ratinho Jr já após sua eleição para o governo também acabou sendo arquivada pela presidência do Legislativo sem ser votada, sob a alegação de que a medida seria inconstitucional. As informações são do portal "Bem Parana´".

segunda-feira, 20 de maio de 2019

Alibaba corta prazo e frete no país


O maior site de comércio eletrônico do mundo, o chinês Alibaba lançou no Brasil o AliExpress Premium Shipping, opção que reduz o prazo de entrega no país pela metade, e com queda de até 59% nos custos de envio. É o primeiro anúncio do Alibaba envolvendo, de forma conjunta, cortes em prazos e frete em anos de operação no Brasil. Isso ocorre num momento em que Magazine Luiza, B2W e Via Varejo tentam melhorar nível de serviço local. Valor de frete e prazos são pontos centrais na decisão de compra hoje — metade dos brasileiros que desiste de uma transação na internet abandona o carrinho por causa de prazos ou valores de envio muito altos, dizem pesquisas. Segundo o anunciado ontem pelo Alibaba, o período de entrega cai de até dois meses (30 a 60 dias) para até um mês (22 a 28 dias). E com a redução nos valores do frete, uma tarifa de entrega de R$ 50, por exemplo, cairia para até R$ 20 — a empresa não informa valores, apenas a queda máxima de até 59%. Os novos prazos e preços começaram a valer nesta quarta-feira (22/05) no site do AliExpress no Brasil, operação controlada pelo Alibaba. O AliExpress opera com a venda de produtos de lojistas estrangeiros em seu site (“marketplace”), especialmente asiáticos. O site representou 51% de toda a venda de sites estrangeiros no país em 2018 (a Amazon respondeu por 25%), diz a Nielsen/Ebit. Em 12 meses, até março, o grupo vendeu no mundo cerca de US$ 850 bilhões (venda de itens de terceiros), um terço do valor da Amazon. A receita líquida foi de US$ 56 bilhões, alta de 40’%. No Brasil, o corte de prazos e frete tem apoio decisivo de seu braço de tecnologia e logística, a Cainiao Network. Em 2018, no evento anual da Cainiao, Jack Ma, fundador do Alibaba, disse que investirá US$ 15 bilhões de 2019 a 2023 para criar uma rede logística global por meio da Cainiao. A empresa não detalha, mas menciona no comunicado de ontem que haverá uma melhora “do canal na entrega terrestre por meio de parceiros locais” no Brasil. Hoje, a empresa usa principalmente o sistema dos Correios. “O Alibaba já anunciou meses atrás que quer entregar tudo em 72 horas. No Brasil, se reduzirem o prazo de entrega da China até a alfândega no Brasil para algo nessa faixa será uma revolução no segmento”, diz Eduardo Terra, presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC). Na prática, as remessas do Alibaba ao país já tem levado entre 30 a 40 dias, segundo pesquisa do Valor em sites globais de rastreamento. São 15 dias da China até os portos de Santos, Itajaí (SC) ou Rio de Janeiro, e mais 15 a 20 dias para os Correios entregarem dentro do Brasil. Atualmente, a questão do nível de serviço, que inclui aspectos como prazos de envio e atendimento ao cliente, tornou-se foco central de empresas como Magazine Luiza e Mercado Livre. O Magazine, por exemplo, está ampliando investimentos para melhorar mais rapidamente suas métricas. Por isso, a mudança anunciada ontem tem efeito no mercado local.A decisão ainda ocorre semanas após a B2W (Submarino e Americanas) anunciar a sua entrada no mercado de venda on-line de produtos estrangeiros, o segmento de atuação do AliExpress. A B2W tem cerca de 400 mil itens nesse braço, batizada de Americanas Mundo — AliExpress tem alguns milhões. Ontem, após o Alibaba anunciar a sua decisão no país, as ações de Magazine Luiza, B2W e Via Varejo intensicaram a queda na B3. Ao fazer esse movimento o Alibaba ainda tenta resolver um problema que impede a empresa de crescer mais rapidamente por aqui. A empresa já identicou que a demora nas entregas pesa mais no abandono dos carrinhos de compra no site Aliexpress que a qualidade dos produtos vendidos, oriundos da China, segundo análises internas, apurou o jornal Valor Econômico.

sexta-feira, 17 de maio de 2019

Em crise, tradicional hotel cinco estrelas, o Tropical, em Manaus, tem energia cortada e funcionários dispensados


Um dos hotéis mais conhecidos do Amazonas passa por uma grande crise financeira. Localizado às margens do Rio Negro, o Tropical Hotel (antigamente conhecido como o "Hotel da VARIG") vive uma realidade bem diferente da de outros tempos, quando foi destino de celebridades como as Spice Girls e seleções internacionais durante a Copa do Mundo de 2014. Há quase uma semana, o eco resort cinco estrelas está sem energia elétrica. Os hóspedes precisaram sair, e alguns funcionários foram demitidos. Jornalistas estiveram no hotel na última quinta-feira (16/05). Hall de entrada, pátio, área de convivência e corredores seguem com a mesma estrutura, mas não há nenhum turista ocupando os mais de 600 quartos. As várias lojas de souvenirs amazônicos do empreendimento ainda conservam suas vitrines, mas as portas estão fechadas. O vazio dos corredores tem motivo: uma dívida de aproximadamente R$ 20 milhões com a Eletrobras, que fez a energia elétrica do local ser cortada no dia 10 deste mês. Com isso, todos os hóspedes (não foi informada a quantidade de pessoas) que estavam ali foram reembolsados e seguiram para outros hotéis da capital. O corte de energia provocou a interrupção das atividades no hotel. Nos próximos dias, ele ficará sem receber hóspedes e com quadro reduzido de funcionários. Avaliado em quase R$ 300 milhões, o hotel já tinha dava sinais de crise há alguns anos. Antes da interrupção do fornecimento de energia, já era possível perceber a situação: boa parte dos quartos, ainda que com cuidado diário do staff, estava com colchões encostados nas paredes e passava o dia com portas e janelas abertas. No primeiro final de semana do mês, durante as primeiras horas do domingo, por duas vezes seguidas, faltou energia. Foram quedas rápidas, logo restabelecidas. À exceção do restaurante localizado no Parque das Águas, desativado há algum tempo, os serviços seguiam normalmente. O centro de lojas - que atendia não só hóspedes, mas visitantes no geral - já estava desativado. Ainda assim, lojas do interior do hotel seguiam abertas, ainda que com baixa frequência de vendas. Ponto bastante visitado do hotel, o zoológico reúne animais como onças, macacos, e tartarugas. De acordo com a assessoria, no período em que o eco resort estiver fechado, o local receberá visitas de um biólogo para cuidar da fauna.

O que diz a Amazonas Energia 

Em nota, a concessionária diz que "há mais de 20 anos ocorrem diversas tentativas de negociações com o Tropical Hotel Manaus". Suspensões de fornecimento de energia elétrica do hotel, por não cumprimento dos acordos, ocorreram por diversas vezes, ao longo dos anos. A última negociação ocorreu em abril de 2019, quando a Amazonas Energia concedeu desconto de 60%, sobre o valor de uma dívida de mais de R$ 20 milhões, o acordo, que previa o pagamento de R$ 8 milhões, pelo Tropical Hotel, também não foi cumprido. Desde o ano de 2018 até o presente momento, foram realizados três cortes por inadimplemento, entretanto a Distribuidora realizava o religamento mediante liminares. 

Acordos judiciais e leilões

Nos três primeiros meses de 2019, os representantes do hotel participaram de várias audiências especiais de mediação no Centro Judiciário de Métodos Consensuais de Solução de Disputas - CEJUSC-JT do Tribunal Regional do Trabalho da 11ª Região (TRT11). As audiências envolveram processos que tramitavam em primeira instância, a maioria em fase de execução. Das 72 audiências realizadas, houve acordo em 53 processos, totalizando o valor de R$ 1.166.210,27 a ser pago aos reclamantes. Antes disso, em outubro de 2018, processos trabalhistas que envolviam o hotel foram a discussão na 1ª Vara do Trabalho de Manaus. Dos 15 processos pautados, 11 resultaram em conciliações, totalizando R$ 132 mil reais em créditos trabalhistas. As ações trabalhistas tinham como pedidos principais o pagamento de verbas rescisórias, FGTS, férias, 13º salário, além de danos morais e materiais. Os débitos trabalhistas fizeram, ainda, com que bens do Tropical e o próprio ecoresort fossem a leilão.



segunda-feira, 13 de maio de 2019

Azul oferece US$ 145 milhões por parte das operações da Avianca Brasil


A Azul apresentou à Justiça de São Paulo nesta segunda-feira (13/05) uma nova  proposta para comprar parte das operações da Avianca Brasil por US$ 145 milhões. A companhia aérea não entrou em detalhes sobre a oferta, mas disse que ela contemplaria slots (autorizações para pousos e decolagens) da ponte-aérea Rio-São Paulo. Depois de protocolada, cabe à Justiça conceder autorização ou não para que a proposta seja formalizada. A Azul foi a primeira companhia aérea a tentar comprar uma parte da Avianca , em 11 de março. Na época, a empresa ofereceu US$ 105 milhões pelas operações. Em nota, a Azul diz acreditar que o pedido apresentado à 1ª Vara de Falências e Recuperação Judicial de São Paulo, onde tramita o processo de recuperação judicial da Avianca , confere à "empresa, seus empregados, consumidores, credores e demais interessados uma alternativa legal e legítima para viabilizar a monetização, uso continuado de bens e preservação de atividades que atualmente correm grave risco de paralisação e perecimento à luz da rápida deterioração das atividades da companhia, no melhor interesse do mercado de aviação e todos os envolvidos". A companhia aérea ressalta, ainda, que a proposta "oferece uma real alternativa para aumentar a competitividade na ponte aérea entre Rio-São Paulo " e esclarece que o pedido feito à Justiça de São Paulo não invalida o leilãodas sete fatias da Avianca. Na visão da Azul, "a alienação judicial da Nova UPI oferece uma alternativa compreensiva, viável e verdadeiramente implementável, inclusive do ponto de vista operacional, regulatório e concorrencial". Dias depois da primeira proposta de compra pela Azul , a própria Avianca anunciou mudanças em seu plano de recuperação judicial , em curso desde dezembro do ano passado, com o desmembramento da empresa em sete unidades — as chamadas Unidades Produtivas Isoladas (UPI), que seriam leiloadas. Com a mudança no modelo de recuperação, além da Azul, Latam e Gol também anunciaram suas ofertas, e o leilão foi marcado para 7 de maio. Apesar da data acertada, o leilão não ocorreu porque credores obtiveram liminar suspendendo o evento. A expectativa é que a Avianca apresente recurso para remarcação ainda hoje. A situação da Avianca agrava a cada dia. Semana passada, a empresa perdeu mais um avião na Justiça. A aeronave pertencia à empresa de leasing Wells Fargo. Com isso, a frota da Avianca foi reduzida para cinco unidade. E ainda há risco de perder mais aviões, pois a Airbus briga na Justiça para retomar quatro dos cinco restantes.  

Veja abaixo as unidades que serão leiloadas se a Avianca conseguir reverter a decisão da Justiça que suspendeu o certame: 

UPI A:  20 voos em Guarulhos, 12 no Santos Dumont e 18 em Congonhas. Parte dos funcionários.
UPI B:  26 voos em Guarulhos, 8 no Santos Dumont e 13 em Congonhas. Parte dos funcionários.
UPI C:  6 voos em Guarulhos, 6 no Santos Dumont e 8 em Congonhas. Parte dos funcionários.
UPI D:  6 voos em Guarulhos, 4 no Santos Dumont e 4 em Congonhas. Parte dos funcionários.
UPI E:  6 voos em Guarulhos, 4 no Santos Dumont e 9 em Congonhas. Parte dos funcionários.
UPI F:  23 voos em Congonhas. Parte dos funcionários.
UPI Programa Amigo:  Banco de dados do programa de fidelidade, pontos não utilizados e passagens já emitidas por esse canal, mas não utilizadas. 

segunda-feira, 6 de maio de 2019

Guerra entre os serviços de streaming: Apple x Spotify


A Apple está prestes a se tornar alvo de investigação na União Europeia por supostas práticas anticompetitivas, segundo o jornal britânico Financial Times . O caso deve ser aberto nas próximas semanas, motivado por reclamação apresentada em março deste ano pelo Spotify, que defende que a fabricante do iPhone está “inclinando o campo de jogo para prejudicar os competidores”, se comportando de maneira ilegal fazendo uso do seu controle da App Store para favorecer o serviço Apple Music. A reclamação do Spotify foca na política da  Apple  de cobrar taxa de 30% das assinaturas vendidas pela App Store sobre fornecedores de conteúdo digital. Ela se aplica ao Spotify e outras plataformas de streaming, mas não a outros aplicativos, como o Uber. Após analisar a reclamação e entrevistar consumidores, concorrentes e outros segmentos no mercado, a comissão de competição da União Europeia devidiu abrir uma investigação antitruste formal sobre a conduta da Apple, que, assim como o Spotify , preferiu não comentar o assunto. A investigação não tem prazos e pode durar anos. A comissão pode exigir que as companhias implementem mudanças em práticas consideradas ilegais e aplicar multas de até 10% sobre o faturamento global da companhia. No entanto, as empresas investigadas podem acelerar o process, evitando multas a partir de  acordos com promessas de mudança de comportamento. Daniel Ek, diretor executivo do Spotify, afirmou logo após apresentar a reclamação, que a longa disputa contra a Apple se tornou “insustentável”. Caso a taxa de 30% continue sendo aplicada, a empresa pode ser forçada a aumentar os preços, se tornando menos competitiva. O Spotify é líder do mercado global de streaming de música, superando a marca de 100 milhões de assinantes. O Deezer, concorrente do Spotify e do Apple Music, e a Organização Europeia de Consumidores (Beuc) apoiaram a ação do Spotify contra a Apple . Segundo Thomas Vinje, advogado do escritório Clifford Chance que participou da reclamação apresentada à União Europeia, outras empresas têm “críticas similares”, mas sentem “medo para processar a Apple”. Por ser dona da App Store, a Apple tem a prerrogativa de aprovar ou reprovar os aplicativos disponíveis na loja virtual. Logo após a reclamação ser apresentada, a  Apple  se manifestou e acusou o Spotify de “retórica enganosa”. Em comunicado, a companhia afirmou que “após anos usando a App Store para aumentar dramaticamente seu negócio, o Spotify busca manter todos os benefícios do ecossistema da App Store (incluindo receita substancial conseguida de consumidores da App Store) sem fazer nenhuma contribuição ao marketplace”.