sábado, 30 de novembro de 2019

Burger King e McDonald’s decepcionam na Black Friday e viram "vilões"

Na guerra dos hambúrgueres que Burger King e McDonald’s protagonizaram na Black Friday de 2019, quem perdeu foi o consumidor. As redes se digladiaram para conseguir fazer a melhor promoção. Contudo, o saldo foi um volume de reclamações muito acima de qualquer outra marca. De acordo com o site de defesa do consumidor Reclame Aqui, o Burger King recebeu 545 reclamações nesta sexta-feira, 29. O McDonald’s, por sua vez, recebeu 491 queixas. Para comparar, o terceiro colocado na lista foi a Meliuz, agenciadora de “cashback” (quando parte do dinheiro das compras pode ser revertido para a aquisição de outros bens ou serviços), com 321 — 35% a menos que o McDonald’s e 41% a menos que o Burger King. Em parceria com a empresa de meios de pagamentos Mercado Pago, as duas redes foram reduzindo os preços para conseguirem entregar promoções melhores do que o concorrente. Após o McDonald’s aumentar de seis para dez cheeseburgers por 20 reais e dois clássicos por 4,90 reais, o Burger King ofereceu três sanduíches por 5 reais, quando a promoção original era de seis lanches por 15 reais. As empresas não deram conta de entregar o que prometeram. Diversas lojas de ambas as redes tiveram problemas para receber os pagamentos por instabilidade do sistema e frustraram os consumidores. A Fundação Procon de São Paulo, inclusive, notificou as empresas. As redes deverão responder a um processo administativo e podem ser multadas.

sexta-feira, 29 de novembro de 2019

CCXP lança cruzeiro temático e traz estrelas do cinema a São Paulo

Os nerds, que antes levavam a fama de cultivar uma vida social acanhada, tomaram a cidade. Um dos grandes indicadores desse avanço territorial aparece na CCXP, feira de quadrinhos, séries, filmes, jogos e cultura pop realizada por aqui desde 2014 e baseada na Comic Con de San Diego, nos Estados Unidos. A atração cresce em ritmo digno do The Flash. No ano passado, tornou-se a maior do mundo, superando a original americana. Nos próximos dias 5 a 8 de dezembro, no São Paulo Expo, baterá recorde de público e reunirá 280 000 interessados. “É a primeira vez que os ingressos esgotam com três semanas de antecedência”, comemora Pierre Mantovani, CEO da Omelete&Co., responsável pela organização. De acordo com levantamento interno, a expectativa é que o evento movimente 265 milhões de reais na cidade. A iniciativa faz parte de um pacote de diversas novidades e opções do mundo geek na capital. Ainda no setor de feiras, que também se espalham pela periferia, outra grande marca do segmento, a Geek Nation, planeja trazer duas atrações inéditas para cá em 2020: uma ação nos moldes da CCXP, entre 22 e 24 de maio (ingressos de 55 a 6 000 reais), no Transamérica Expo Center, onde espera receber 150 000 pessoas, e a Parada Geek Nation, festa de rua que ocupará o centro de São Paulo em 19 de abril. Muita gente capricha no figurino para visitar esses locais, o que mobiliza ainda profissionais que faturam na confecção de fantasias temáticas ou participam de concursos.Em relação às compras, a Iron Studios virou o principal endereço nacional que vende itens colecionáveis, como figuras de super-heróis. Envia seus produtos para o mundo por um e-commerce, com base aqui e em Los Angeles, além de possuir uma loja nos Jardins. Agora, expande os negócios com um prédio de quatro andares e 1 000 metros quadrados no Itaim. A inauguração está prevista para o fim do primeiro semestre de 2020. Para entrar na onda da vez, confira a seguir eventos e negócios que andam movimentando os nerds paulistanos e de várias partes do Brasil.

Deputado "Tiririca" é investigado pelo Ministério Público

Em seu primeiro discurso na Câmara, em dezembro de 2017, o deputado Tiririca disse estar decepcionado com a política brasileira e com seus colegas. “O que eu vi nos sete anos aqui, eu saio totalmente com vergonha”, afirmou ele. Apesar de ter se despedido do Congresso naquele ano, o humorista se candidatou pelo Partido Liberal em 2018 e foi eleito por São Paulo com quase meio milhão de votos. Em seu terceiro mandato em Brasília, o parlamentar percebeu que, diferentemente do que dizia em sua campanha, pior que está, fica. No último dia 18 de novembro, o Ministério Público Federal instaurou uma investigação para apurar se o deputado utilizou “verba de gabinete para realizar viagens particulares”. Embora tenha sido eleito por São Paulo, Tiririca usou parte da verba pública de seu gabinete para emitir passagens aéreas para o Ceará, seu estado natal. A Câmara estabelece, entre outras regras, que a cota parlamentar destinada para viagens tem de estar relacionada com o exercício do mandato ou com deslocamentos para a sua base eleitoral. Os bilhetes não podem servir para benefício pessoal. No caso de Tiririca, o Ministério Público Federal apura num inquérito civil se os gastos do deputado e seus assessores com passagens aéreas ao longo deste ano tiveram como finalidade cumprir agenda parlamentar ou se foram utilizadas com outro propósito. O parlamentar eleito por São Paulo costuma postar fotos em suas redes sociais divulgando shows em sua terra natal. Somente neste ano, o seu gabinete desembolsou mais de 70 000 reais em dinheiro público para se deslocar dezenas de vezes de Brasília para Fortaleza. Procurada, a equipe de Tiririca informou que não recebeu qualquer notificação da investigação e que todas as passagens aéreas são compradas de acordo com o regimento da Câmara. O salário líquido de Tiririca, assim como o de outros deputados, é de quase 25 000 reais. Além disso, ele ganha um auxílio moradia de 4 253 reais — e boa parte de suas despesas com transporte e refeições em Brasília é bancada pela Câmara. Ao longo deste ano, o deputado propôs 12 projetos de lei, da instituição do dia oficial do artista circense à inclusão de idosos em empresas. Apesar de sua desenvoltura em frente às câmeras, ele ainda não discursou em plenário neste ano. Mas talvez agora, sob investigação, seja um bom momento para dar explicações aos seus eleitores de São Paulo.

quarta-feira, 27 de novembro de 2019

Arroba do boi gordo sobe de novo e atinge R$ 235

A arroba do boi gordo continua subindo nas principais praças de produção e comercialização do país. “A oferta permanece restrita, sem sinais de mudanças desse perfil no curto prazo”, comenta o analista de Safras & Mercado Fernando Henrique Iglesias. Segundo ele, a tendência é que com a disparada dos preços os pecuaristas optem por negociar animais mais leves, o que pode provocar novas lacunas de oferta durante o primeiro semestre. “Enquanto isso, a demanda de carne bovina permanece aquecida, com um bom desempenho das exportações somado ao ápice do consumo interno”, assinalou. Em São Paulo, os preços passaram de R$ 233 para R$ 235 por arroba. Em Minas Gerais, preços de R$ 232 a arroba, contra R$ 229 a arroba ontem. Em Mato Grosso do Sul, preços em R$ 225 a arroba, contra R$ 220 a arroba anteriormente. Em Goiânia (GO), o preço passou de R$ 219 a arroba para R$ 222 a arroba. Já em Mato Grosso o preço subiu de R$ 201 para R$ 213 a arroba do boi gordo. Os preços da carne bovina subiram. “A grande dúvida é se o consumidor final terá capacidade em absorver seguidos reajustes de preços no varejo”, disse Iglesias. Segundo ele, a tendência é que a migração para proteínas mais acessíveis ocorra de maneira bastante natural, com o frango ainda contando com a predileção do consumidor médio.  O corte traseiro teve preço de R$ 20 por quilo, com alta diária de 60 centavos centavos. A ponta de agulha passou de R$ 12,50 por quilo para R$ 12,60 por quilo, enquanto o corte dianteiro passou de R$ 12,65 por quilo para R$ 12,80 por quilo.

segunda-feira, 25 de novembro de 2019

Rodrigo Faro é questionado após flagra durante homenagem a Gugu Liberato

Rodrigo Faro está sendo questionado na internet após exibir uma homenagem ao colega de emissora Gugu Liberato, que morreu na semana passada após um acidente doméstico em sua casa em Orlando, nos Estados Unidos. O apresentador aparentemente esqueceu que estava no ar ao vivo no A Hora do Faro e questionou a produção da atração durante a exibição da reportagem. No Twitter, telespectadores alegam que o famoso questionou como estava a audiência da atração. O flagra não pegou bem para Faro — e não foi apenas o questionamento que incomodou os fãs da atração. Para homenagear Gugu Liberato, o apresentador exibiu uma entrevista feita em 2017, em Orlando, nos Estados Unidos. “Quem coloca na Record não sabem se quem morreu foi o Gugu ou o Rodrigo Faro. Falta de respeito!”, disparou um internauta neste domingo (24). A reportagem de mais de 20 minutos foi exibida para celebrar o Dia dos Pais. Na ocasião, Faro falou sobre sua rotina com a família nos EUA, participou de brincadeiras e relembrou até tristezas de sua vida. A produção, no entanto, não editou a matéria para mostrar apenas os momentos em que Gugu tem destaque, escolhendo exibir o vídeo na íntegra. Durante a exibição da reportagem em Orlando, a tela ficou dividida para mostrar as reações de Faro. Foi neste momento que o flagra dos telespectadores aconteceu, quando o detalhe mostrou o apresentador questionando sobre o ibope do Hora do Faro.

sábado, 9 de novembro de 2019

‘Não vejo a hora do Lula morrer’, diz deputado do PSL

Da revista Veja: O deputado federal Coronel Tadeu (PSL-SP) afirmou neste sábado (09/11) que não vê a hora “do Lula morrer”. A frase foi publicada em seu perfil no Twitter durante a tarde, poucas horas depois de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fazer um discurso em tom crítico ao presidente Jair Bolsonaro (PSL) na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo. “Não vejo a hora do Lula morrer”, escreveu o deputado na rede social. “Não é discurso de ódio e sim de paz. O histórico desse sujeito não deixa saudades, mas um exemplo para essa nação acordar dos males que sofreu.” No Twitter, Coronel Tadeu protestou diversas vezes contra a saída de Lula da prisão. O ex-presidente deixou a Superintendência da Polícia Federal em Curitiba nesta sexta-feira, menos de 24 horas depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) barrar prisões após condenação em segunda instância. Neste sábado, o petista chegou a São Paulo e se encaminhou para São Bernardo do Campo, no Grande ABC, onde fez um discurso para a militância. Lula afirmou que Bolsonaro não foi eleito para “governar para milicianos do Rio de Janeiro” e chamou o ministro da Justiça Sergio Moro de “canalha”.

sexta-feira, 8 de novembro de 2019

Juiz manda soltar ex-presidente Lula

A Justiça Federal em Curitiba determinou nesta sexta (08/11), a soltura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está preso desde 7 de abril do ano passado, na Superintendência da Polícia Federal (PF) em Curitiba, pela condenação no caso do tríplex do Guarujá (SP), um dos processos da Operação Lava Jato. A decisão foi proferida pelo juiz Danilo Pereira Júnior, após a defesa de Lula pedir a libertação do ex-presidente com base na decisão proferida nesta quinta (07/11),  pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que derrubou a validade da execução provisória de condenações criminais, conhecida como prisão após a segunda instância. O mandado de soltura foi encaminhado para a PF. A previsão é de que Lula deixe a prisão ainda nesta sexta-feira. Em janeiro do ano passado, a condenação de Lula, proferida em primeira instância pelo ex-juiz Sérgio Moro, foi confirmada e a pena aumentada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), segunda instância da Justiça Federal, para 12 anos e um mês de prisão – 8 anos e 4 meses pelo crime de corrupção passiva e 3 anos e 9 meses pela lavagem de dinheiro. Em abril deste ano, a pena de corrupção foi reduzida pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) para 5 anos e seis meses, enquanto a de lavagem ficou em 3 anos e quatro meses, resultando nos 8 anos e 10 meses finais. Além de Lula, a decisão do STF deverá beneficiar outros condenados na Lava Jato, como os ex-deputados Eduardo Cunha, José Dirceu,  além do e ex-executivos de empreiteiras.  

quinta-feira, 7 de novembro de 2019

Por 6 votos a 5, Supremo Tribunal Federal muda de posição e derruba prisão após condenação na 2ª instância

Por 6 votos a 5, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta quinta-feira (7) derrubar a possibilidade de prisão de condenados em segunda instância, alterando um entendimento adotado desde 2016. Na quinta sessão de julgamento sobre o assunto, a maioria dos ministros entendeu que, segundo a Constituição, ninguém pode ser considerado culpado até o trânsito em julgado (fase em que não cabe mais recurso) e que a execução provisória da pena fere o princípio da presunção de inocência. O voto de desempate foi dado pelo presidente do tribunal, ministro Dias Toffoli, o último a se manifestar. A aplicação da decisão não é automática para os processos nas demais instâncias do Judiciário. Caberá a cada juiz analisar, caso a caso, a situação processual dos presos que poderão ser beneficiados com a soltura. Se houver entendimento de que o preso é perigoso, por exemplo, ele pode ter a prisão preventiva decretada. A decisão pode beneficiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso em Curitiba e cuja sentença ainda não transitou em julgado, e cerca de 5 mil presos, se não estiverem detidos preventivamente por outro motivo. Após o julgamento, a defesa de Lula informou que levará à Justiça nesta sexta-feira um pedido de soltura com base no resultado do julgamento do STF.

quarta-feira, 6 de novembro de 2019

Itaú anuncia o fechamento de 400 agências até o fim do ano

O banco Itaú seguiu o Bradesco anunciou, em teleconferência, o fechamento de 400 agências até o fim do ano. O processo já ocorre desde o primeiro semestre de 2019, quando 200 agências foram fechadas. A decisão faz parte do processo de digitalização da instituição e, segundo o documento divulgado em teleconferência de ontem, da “busca por eficiência e a maior demanda por atendimento via canais digitais levaram à redução anual de 5,7% das agências físicas no Brasil”. O banco afirmou a EXAME que “a redução do número de unidades físicas é um movimento de reposicionamento da rede, coerente com as novas necessidades dos clientes e o aumento da procura por atendimento em outros canais, como internet, celular e agências digitais”. A informação vem ao encontro do que foi antecipado pela agência de notícias Reuters em maio. À época, segundo fontes, o banco avisou os funcionários sobre os planos de fechamento das unidades e indicou que “deveria aproveitar parte deles nas agências digitais”, nas quais os clientes são atendidos de forma remota. A empresa não informa os endereços das agências que serão fechadas. Do outro lado da moeda, 3,5 mil funcionários aderiram ao programa de demissão voluntária (PDV), anunciado em setembro. Nesta segunda-feira, o Itaú divulgou seus resultados e o lucro subiu 11% para R$ 7,15 bilhões no terceiro trimestre.

segunda-feira, 4 de novembro de 2019

Sociedade civil critica urgência para votação do pacote "anticrime"

Integrantes da sociedade civil e da oposição ao governo Bolsonaro (PSL) questionam a possibilidade de votação de urgência para o texto produzido pelo grupo de trabalho (GT) que analisou, na Câmara dos Deputados, mudanças na legislação penal e processual penal. O material inclui trechos do Projeto de Lei (PL) 882/2019, uma das propostas do chamado pacote "anticrime", do ministro Sérgio Moro, e dos PLs 10.372 e 10.373, de autoria do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Uma articulação de parte dos deputados da Casa atua para aprovar o regime de urgência para o texto ainda esta semana. Produzido na ultima quarta-feira (30), com o encerramento dos trabalhos do grupo, o documento final do GT é um texto alternativo ao parecer do relator, deputado Capitão Augusto (PL-SP). "Não gosto muito do regime de urgência pra legislação penal, porque parece que ela sempre é regime de urgência. Aí vem uma medida muito impactante, e às vezes isso não tem dado resultado. Acho que esses projetos não mereciam urgência. Devem ter a tramitação ordinária, clássica, com a devida ponderação, porque aí cada vez mais se amadurecem as questões", argumenta o defensor público Pedro Carriello, do Rio de Janeiro , membro da campanha “Pacote Anticrime: uma solução fake”, formada por diferentes entidades e especialistas. Nos bastidores, deputados avaliam como inevitável a aprovação de urgência para a matéria, que tem o apoio da bancada da bala e de outros parlamentares. Com uma configuração de forças favorável à medida, a tendência é que ela dispute os holofotes, nos próximos dias, com as demais pautas que incendeiam o jogo político, como é o caso dos desdobramentos do caso Marielle. Durante os sete meses de debate no GT, a matéria esteve cercada de polêmicas, o que fez com que o prazo inicial de 90 dias do grupo fosse prorrogado mais de uma vez. No rol das controvérsias, figuraram críticas a diferentes medidas propostas por Moro. Entre elas, tiveram destaque a legalização da prisão após condenação em segunda instância e o excludente de ilicitude, que liberava de punição policiais que matassem em serviço quando estivessem sob o que o projeto do ministro classifica como “medo, surpresa ou violenta emoção”. Esses dois pontos estão entre os trechos que foram rejeitados pelo colegiado. “Acho que a proposta original do Moro sai transformada para melhor no que diz respeito à perspectiva da sociedade”, avalia o deputado Marcelo Freixo (PSOL-RJ), um dos três parlamentares de oposição que compunham o GT. Também foram aprovadas novas normas para os acordos de colaboração premiada que se dão no âmbito da Lei das Organizações Criminosas, com ênfase para o fato de que as delações deverão ser usadas apenas como instrumentos para obtenção de provas, não devendo ser utilizadas como prova única para incriminar alguém. O instrumento é um dos mais alvejados entre os utilizados pela operação Lava Jato, que dividiu o país entre defesas de caráter punitivista ou garantista. "A natureza do pacote era autoritária, com inúmeras medidas inconstitucionais. Então, a primeira coisa que nós evitamos foi deixar prosperar um pacote autoritário e inconstitucional", considera o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), também do colegiado.  A oposição comemora ainda a retirada de outros pontos que estavam em discussão no colegiado, como o chamado plea bargain, instituto do direito estadunidense que prevê penas mais brandas para réus confessos em troca de estes não serem submetidos a um processo judicial. A proposta de instituição da modalidade – que trata de um acordo entre acusado, juiz e Ministério Público –, no entanto, não foi engavetada. Ela deverá ser avaliada agora por outro colegiado, a comissão que estuda mudanças no Código de Processo Penal (CPP).  O GT também incorporou ao relatório mais de dez medidas que não constavam nas propostas de Moro e Alexandre de Moraes. Uma delas é a criação do chamado “juiz de garantias”, que consiste na existência de um magistrado para atuar exclusivamente na fase pré-processual. Segundo a proposta, ele deve encerrar sua participação no processo quando for proposta a ação penal, fase a partir da qual a competência passa a ser do juiz natural. A ideia é evitar pré-julgamentos e eventuais contaminações que possam prejudicar o réu. “O juiz do inquérito tem que tomar algumas medidas, como quebra de sigilo, busca e apreensão, e de repente ele acaba sendo contaminado por essas provas, então, ele não pode ser o mesmo juiz do processo, de quando é oferecida a denúncia. Isso me parece um avanço significativo no sistema brasileiro de hoje”, avalia Pedro Carriello. 

O relatório que recebeu aval do GT também é alvo de críticas. Uma delas trata do aumento do tempo máximo de cumprimento de pena, que passa de 30 para 40 anos. Pedro Carriello classifica a alteração como um “retrocesso” porque favorece a lógica do encarceramento – tema em que o Brasil é destaque mundial, com cerca de 812 mil presos, segundo dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) de julho deste ano. “É uma perda. Mais uma vez, a gente cai um pouco na velha ideia de que, prendendo mais e por mais tempo, combate-se o crime. Isso é um dado que a própria ciência já evidenciou que não traz resultado no combate à violência”, afirma Carriello. Outra crítica ao projeto diz respeito à criação de um banco de perfil genético para fichar informações de pessoas que passam pelo sistema de Justiça criminal. A assessora do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (IBCCrim) em Brasília, Raíssa Belintani, pontua que a medida pode ajudar a endossar o preconceito social que atinge ex-detentos. “É muito perigoso mapear pessoas dessa forma. A gente já sabe que quem passa pelo sistema criminal, especialmente pelo carcerário, já tem um estigma que não passa depois, que marca a vida pra sempre, que dificulta a reinclusão no mercado de trabalho, a retirada de novos documentos, etc. Vários direitos já ficam afetados. A partir do momento em que você faz um registro genético de que essa pessoa passou por ali, você está formalizando essa estigmatização. Isso é muito sério”, critica, acrescentando que o Estado não teria também condições estruturais de efetivar a medida.  O defensor público Pedro Carriello observa que a mudança pode vir a ser alvo de questionamento no STF. Ele pontua que a Lei 12.654, vigente no país, sujeita a uma identificação genética somente os condenados por crimes dolosos de natureza grave contra pessoa ou por crimes hediondos, como homicídio qualificado e estupro.  A norma atual não especifica se a regra deve ser aplicada exclusivamente para processos com trânsito em julgado, o que faz com que seja utilizada em casos de condenados após a primeira ou segunda instância. Por conta disso, a lei é hoje alvo de disputa no STF, em meio às intensas controvérsias que cercam o tema da presunção de inocência. A norma aprovada pelo GT, proposta pelo ministro da Justiça, endurece a aplicação, prevendo expressamente que a medida possa ser aplicada antes do trânsito em julgado.  “O Moro colocou isso no crime doloso, sem exigir nem violência grave, ou seja, até um furto, que é um crime sem violência, pode ser enquadrado, ou casos de estelionato e batida de trânsito com danos. Eu acredito que essa matéria vai desaguar no Supremo porque até mesmo a legislação atual, que não é tão rígida quanto a proposta por ele, já está em questionamento”, projeta Carriello.