sexta-feira, 4 de abril de 2008

40 anos da morte de Martin Luther King

Candidatos presidenciais, ativistas e milhares de pessoas se reuniram em Memphis, Estados Unidos, nesta sexta-feira, 4, para honrar a memória do líder pela luta dos direitos civis Martin Luther King, 40 anos após o seu assassinato na cidade americana. Durante as manifestações, a pré-candidata democrata à Presidência americana, Hillary Clinton, pediu um gabinete de combate a pobreza e o republicano John McCain disse que estava errado quando votou, há 25 anos, contra um feriado nacional em memória de King, segundo o jornal The New York Times. Pastor e filho de pastor, King foi em vida a principal figura da luta pelos direitos cívicos dos negros nos anos 50 e 60 do século XX, e após sua morte, se tornou um mito a que recorrem com freqüência políticos, ativistas e inclusive artistas comprometidos. O suposto assassino, Earl Ray, começou confessando o crime, mas pouco depois se retratou e proclamou sua inocência até sua morte há 10 anos, chegando inclusive a convencer a família de King. A maior parte dos americanos vê o reverendo King como o pregador do discurso 'Eu Tenho um Sonho' no memorial Lincoln Center, em Washington. Mas o homem que fez sua última viagem a Memphis em 1968 se tornou um radical, segundo estudiosos e ativistas. King apostou seu legado numa cruzada final revolucionária, que alarmou seus conselheiros mais próximos. Segundo a CNN, alguns estavam preocupados com sua instabilidade emocional. O reverendo chamou essa cruzada da 'Campanha das Pessoas Pobres'. Ele planejava marchar em Washington com uma multidão de pobres para um manifesto que visava paralisar a capital americana. O objetivo de campanha era forçar o governo federal a parar o financiamento da guerra do Vietnã e destinar esse dinheiro para o combate à pobreza. Em seu último discurso à Conferência Cristã do Sul, King teria dito que o objetivo do movimento era de "reestruturar toda a sociedade americana". Ele teria ainda defendido a nacionalização de algumas indústrias e chamado a audiência a "questionar a economia capitalista". De acordo com a CNN, a campanha era tão arriscada que King disse a Bernard LaFayette Jr., líder da Conferência Cristã do Sul, durante uma conversa por telefone, que indicaria uma nova gerência ao grupo de direitos civis no qual ele era co-fundador. "Ele estava antecipando que alguns assassinatos poderiam ocorrer, então quis alguém para assumir as responsabilidades para continuar com o plano", disse Lafayette. "Quando ele empreendeu a campanha, King sabia que não iria vencer", disse Taylor Branch, autor de Parting the Waters: America in the King Years. O autor disse que o reverendo sabia que poderia morrer, mas acreditava que o sacrifício poderia trazer benefícios econômicos ao pobres. A radicalização do discurso do reverendo nos últimos anos de sua vida causou controvérsias com outros ativistas pelos direitos civis e fez com que King perdesse um de seus mais importantes interlocutores: o presidente Lyndon Johnson. No dia 4 de abril de 1967, exatamente um ano antes de sua morte, ele proferiu um discurso contra a guerra do Vietnã de muita repercussão. "Johnson ficou furioso", conta Roger Wilkins, um oficial destacado pelo Departamento de Justiça como ligação entre o ativista e o governo americano.

Nenhum comentário: