quinta-feira, 26 de janeiro de 2023

Crise na Americanas: Bancos pretendem ir atrás de patrimônio de Lemann, Telles e Sicupira

Os bancos credores da Americanas buscam caracterizar na Justiça as "inconsistências contábeis de R$ 20 bilhões" apontadas nos balanços da varejista como uma fraude realizada ao longo do tempo. Com isso, caso a Americanas não tenha condições de saldar as dívidas, quando a Justiça determinar a execução, o objetivo é que o patrimônio dos sócios de referência da varejista - os bilionários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira - possa ser usado para quitar o calote com os credores, segundo fontes que acompanham o processo. Ao pedir acesso a e-mails e outras formas de comunicação entre os executivos e sócios de referência, além de depoimentos dos mesmos e do ex-CEO, Sergio Rial, que ficou apenas nove dias no cargo, os bancos querem produzir provas de 'uma atitude dolosa', mostrando que havia fraude consistente, segundo as fontes. Para chegar ao patrimônio dos sócios, os advogados dos bancos buscam usar o recurso jurídico chamado de "desconsideração da personalidade jurídica". Na prática esse recurso é extremo e ignora a autonomia da empresa nos casos de fraude ou abuso. Ao fim do processo, ou seja, quando não é possível mais recursos, permite que o credor alcance os bens particulares dos sócios e administradores para os pagamentos. Os bancos vêm se articulando para que descontos acentuados nos débitos sejam refutados. Eles esperam que na recuperação judicial da Americanas sejam propostos descontos de 80% a 90% nas dívidas. Por isso, Safra e Santander, por exemplo, entraram com pedidos contra a Recuperação judicial da varejista. Segundo uma outra fonte, os bancos estão conversado entre si todos os dias e montando uma estratégia em conjunto para também responsabilizar os acionistas de referência. O passo inicial será entender as alegações da empresa sobre as "inconsistências contábeis" para entender o papel de cada um e as responsabilizações. Há um entendimento entre as instituições financeiras de que falta transparência na atuação dos sócios de referência, já que tem 4 dos 7 assentos do Conselho de Administração. Segundo o executivo de um banco, a estratégia está sendo montada há dias. "É preciso definir as responsabilizações de cada um com base nas alegações da empresa". Além disso, os bancos estão atualmente discutindo o valor necessário do aporte dos sócios para "salvar" as Americanas. Já há um entendimento de que é necessário R$ 15 bilhões. As conversas também incluem os maiores e principais fornecedores da Americanas. Um advogado consultado pelA reportagem do jornal O Globo, do Rio de Janeiro, especialista em direito societário, afirma que certamente a Americanas não terá como pagar os credores no momento da execução. Por isso, as instituições financeiras credoras estão buscando produzir provas de fraude para no futuro obterem a 'desconsideração da pessoa jurídica', que é prevista em lei e buscar reparação no patrimônio do trio da 3G. Outro especialista em direito societário, consultado pelo GLOBO, diz que os próprios sócios poderiam ser incluídos na ação dos bancos contra a Americanas. Mas, como não há provas contra eles neste momento e nem está caracterizada "a dissimulação e uso de má-fé da pessoa jurídica para se proteger", isso seria arriscado. Ele explica que os bancos estão buscando a "desconsideração da pessoa jurídica" porque sabem que não receberão da Americanas os valores a que têm direito. O especialista avalia que, não seria surpresa, se durante o processo, os bancos pedissem o arresto de uma porcentagem dos bens dos sócios. Segundo as fontes que acompanham o processo, pegou mal e azedou ainda mais a relação com os bancos o comunicado do trio de acionistas referência, no domingo passado. Na nota pública, eles afirmam que não sabiam da manobra contábil no balanço, que esperam ser possível fechar um acordo com os credores e que vão trabalhar pela recuperação da companhia. E disseram que os bancos jamais denunciaram qualquer irregularidade nas contas da empresa. “Contávamos com uma das maiores e mais conceituadas empresas de auditoria independente do mundo, a PwC. Ela, por sua vez, fez uso regular de cartas de circularização, utilizadas para confirmar as informações contábeis da Americanas com fontes externas, incluindo os bancos que mantinham operações com a empresa. Nem essas instituições financeiras nem a PwC jamais denunciaram qualquer irregularidade”, diz o texto. Em nota divulgada na quarta-feira (25/01), o Bradesco afirmou que a contabilidade das empresas é de responsabilidade de sua administração. “A governança contábil das empresas é atribuição exclusiva e não transferível da sua administração, inclusive Conselho de Administração. O Bradesco cumpre rigorosamente as diretrizes normativas e atua de acordo com as melhores práticas de mercado", diz a nota do banco. O Itaú também veio a público, nesta terça-feira, isentar o setor bancário de qualquer culpa no ocaso da Americanas. De acordo com o Itaú, “é leviana a tentativa de atribuir aos bancos qualquer responsabilidade sobre as práticas contábeis irregulares da empresa.” Como explicam advogados ouvidos, o levantamento das provas, como pretendem os bancos, é a primeira etapa para a utilização da "desconsideração da personalidade jurídica". O recurso é previsto pelo código civil, podendo ser utilizado em casos onde foi comprovado que os sócios controladores descumpriram os seus deveres fiduciários, quando houve confusão patrimonial entre os sócios e a empresa, algo mais comum em companhias menores, e em casos de fraude.

—Eles (os credores) querem produzir provas que tragam elementos capazes de fundamentar essa eventual futura ação da desconsideração da personalidade jurídica. Havendo esses elementos, eles farão o pedido — explica o sócio do escritório Raphael Miranda Advogados, Pedro Ivo Mello.

Ele complementa:

— No caso da Americanas, há indícios de exercício abusivo do poder de controlar, o que legitimaria acionistas, credores e debenturistas a buscar a responsabilidade dos acionistas controladores pelas dívidas da companhia

A advogada do Kincaid Mendes Vianna Advogados, Marcelly Farias, destaca que se for comprovada uma fraude, como uma manipulação do balanço contábil, isso poderia servir de fundamento para a desconsideração da personalidade jurídica, mas há outros caminhos.

— Talvez não se encontre argumentos suficientes para uma desconsideração da responsabilidade jurídica, mas por danos causados a companhia — disse Marcelly, destacando que nesses casos, os controladores teriam que ressarcir a companhia pelos danos causados.

Para os especialistas, não será uma missão fácil dos credores conseguir atingir o patrimônio dos sócios.

— Teoricamente é possível, mas nada nesse caso vai ser simples. Qualquer pretensão dos credores para obter a desconsideração da personalidade jurídica para atingir os controladores vai ser um processo altamente conflituoso e complexo — destaca Mello.


quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

Americanas tem pedido de recuperação judicial aceito pela Justiça do Rio

O juiz Paulo Assed Estefan, da 4ª Vara Empresarial da Comarca do Rio de Janeiro, aceitou o pedido de recuperação judicial da Americanas, feito pela companhia no começo da tarde desta quinta-feira (19/01). O valor total das dívidas da varejista soma R$ 43 bilhões, entre aproximadamente 16,3 mil credores. No documento, o juiz afirmou que se trata de "uma das maiores e mais relevantes recuperações judiciais ajuizadas até o momento no país". Ele destacou, ainda, que está ciente das questões trazidas por parte dos credores, em relação à possível fraude e má-fé por parte da companhia, reiterando que essas alegações deverão ser apuradas para identificação de eventuais responsáveis. O juiz ainda afirmou que é preciso separar as eventuais responsabilidades e atos praticados por gestores e/ou controladores da necessidade de proteção da atividade econômica empresarial, "que visa garantir a manutenção da fonte produtora, das dezenas de milhares de empregos diretos e indiretos e o próprio interesse dos credores, preservando a empresa, sua função social e estimulando a atividade econômica produtiva". "A eventual quebra do Grupo Americanas pode acarretar o colapso da cadeia de produção do Brasil, com prejuízos em relevantes setores econômicos, afetando mais de 50 milhões de consumidores, colocando em risco dezenas de milhares de empregos. [...] Isso posto, e observados os requisitos legais, defiro o processamento da recuperação judicial do Grupo Americanas", completou. Assed Estefan ainda nomeou a sociedade especializada Preserva-Ação Administração Judicial e o Escritório de Advocacia Zveiter como administradores judiciais da recuperação judicial da Americanas. Com o consentimento da Justiça para o pedido de recuperação judicial, a Americanas entra no chamado "prazo de blindagem" – um período de 180 dias no qual todas as suas dívidas ficam suspensas. Caso seja necessário, a lei ainda permite a extensão do prazo por mais 180 dias. Além disso, segundo analistas da XP, a companhia terá até 60 dias para apresentar a primeira versão de um plano de reestruturação, com as principais medidas a serem tomadas para balancear sua estrutura de capital. A empresa ainda tem até 150 dias para convocar uma assembleia de credores para aprovar o plano de reestruturação.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2023

Paraná está entre os estados com mais financiadores de atos terroristas em Brasília

 As investigações sobre os ataques terroristas em Brasília no dia 8 de janeiro revelam que até o momento, que Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo estão entre os estados com mais financiadores dos atos já identificados. Os dados foram revelados em reportagem de Isabela Camargo e Jorge Vianna, exibida na Globo News na tarde da quarta (11/01). Os dados, segundo a reportagem, são da inteligência do Ministério da Justiça e foram compartilhados com investigadores da Polícia Federal. Os financiadores pagaram transporte, alimentação e toda infraestrutura para os terroristas que invadiram e destruíram as sedes do Três Poderes, em Brasília. Entre eles, estariam empresários e pessoas ligadas a colecionadores de armas. A Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seape) publicou, na quarta (11/01), a listagem atualizada de nomes dos presos nos ataques terroristas que aconteceram no último domingo (08/01) em Brasília. O documento já possui 670 nomes. O órgão informa que “devido ao alto número de prisões, não é possível que as Gerências de Atendimento aos Internos (Geaits) das unidades prisionais realizem comunicações individuais”. Sendo assim, a lista será mantida atualizada para que as famílias e advogados possam entrar em contato. 

segunda-feira, 2 de janeiro de 2023

Lula assume presidência da República Federativa do Brasil pela terceira vez

 

Luiz Inácio Lula da Silva tomou posse neste último domingo (01/01) como presidente da República Federativa do Brasil pela terceira vez. Lula desfilou em carro aberto, juntamente com o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin e suas respectivas esposas, apesar da preocupação das equipes de segurança, que temiam por algum ato contra o presidente eleito. No entanto, a cerimômia transcorreu normalmente, com o tradicional desfile no Rolls-Royce presidencial, seguido pela posse oficial no Congresso Nacional. Depois, no Palácio do Planalto, o presidente Lula empossou os Ministros do novo governo. No íníco da noite do domingo recebeu autoridades nacionais e internacionais no Palácio Itamaraty para um jantar.