quarta-feira, 10 de junho de 2009

Juro real cai abaixo de 5% ao ano

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu a taxa básica de juros (Selic) em um ponto percentual. Com isso, os juros básicos da economia caíram de 10,25% ao ano para 9,25% ao ano e ficam, pela primeira vez na história, abaixo de dois dígitos. O anúncio foi feito há pouco, ao final da quarta reunião que o Copom realizou neste ano. Neste ano, os juros básicos foram reduzidos em 1 ponto percentual, dia 21 de janeiro, mais 1,5 ponto percentual, dia 11 de março, e novamente 1 ponto percentual, dia 29 de abril. A redução feita hoje deixa a taxa Selic em 9,25% ao ano até a próxima reunião do Copom, agendada para os dias 21 e 22 de julho. A taxa de juros básica leva em conta três variáveis, de acordo com o professor da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi), Alexandre Assaf Neto. “Há a taxa pura, também chamada de juro real, a inflação e ainda um pequeno valor correspondente ao risco da conjuntura econômica (risco sistêmico)”, diz. Admitindo-se um juro de 9,5% ao ano e uma inflação maior, próxima à meta da Selic (4,5% ao ano), o professor calcula que o juro real será de 4,78%. “Ainda é uma taxa alta se comparada ao juro de países como EUA e Japão”, afirma. “Chega a ser mais do que o dobro.” O professor do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), Ricardo Almeida, lembra, porém, que o investidor ainda deve descontar, da rentabilidade dos fundos conservadores, a taxa de administração e o Imposto de Renda. Em casos extremos, de fundos com altas taxas de administração, o retorno líquido da aplicação pode até ser menor do que 1% ao ano. Os contratos de taxa de juros futuros negociados na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), segundo Almeida, projetam mais quedas da Selic nos próximos oito meses. “Com um juro de 8,5% ao ano e a inflação medida pela Pesquisa Focus em 4,33%, se o investidor aplicar em um fundo muito caro, com administração de 3% ao ano, a rentabilidade será de 0,63%, considerando que ele pague o menor IR, de 15%”, calcula. “Ou seja, daqui a um ano ele comprará exatamente os mesmos produtos que iria adquirir no início do investimento. Praticamente não haverá ganhado”, acrescenta. O cálculo do juro real não se resume a uma subtração simples da inflação. Para isso, o juro bruto deve ser dividido por 100 e o resultado somado a 1. Em seguida, a inflação deve ser dividida por 100 e o resultado somado a 1. O primeiro resultado deve ser dividido pelo segundo. Do número resultante dessa conta, subtrai-se 1, e no final, multiplica-se por 100. O resultado indica o juro real da aplicação. No caso da Selic de 9,5% e da inflação de 4,5%, temos: 9,5/100 + 1, o que resulta em 1,095. Esse número deve ser dividido por 4,5/100 + 1 (1,045). A divisão de 1,095 por 1,045 resulta em 1,0478 . Desse número, subtrai-se 1 (0,0478) e multiplica-se por 100. O número final é um juro real de 4,78% ao ano.

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