quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Bairro do Leblon, no RJ, tem aluguel caro e lojas com dificuldade em manter portas abertas

São muitos pontos que não traçam uma reta, pois se multiplicam em famosas vias do Rio de Janeiro como a Dias Ferreira e a Ataulfo de Paiva, mas levam a concluir que o mercado comercial no Leblon, já nas alturas, está em alta. A medir pela quantidade de cartazes de “passo o ponto” espalhados por ruas nobres do bairro, antigos inquilinos não tiveram fôlego para acompanhar a subida. Não por acaso, uma das placas de aluguel do prédio número 64 da Dias Ferreira, ao lado do bar Pipo, de Felipe Bronze, anuncia: “alugo lojas internas, com varanda, para comércio tipo AAA”, como adiantou a coluna Gente Boa, no GLOBO de ontem. A proprietária, que cobra R$ 8 mil mensais por um espaço de 50 metros quadrados, não mencionou as luvas exigidas para o negócio, que em endereços por ali passam de R$ 400 mil. Mas avisou que não lhe interessa alugar “para ninguém que venda para um público A, B ou C”. Na Dias Ferreira, há pelo menos outras três placas presas em vitrines empoeiradas anunciando espaços comerciais disponíveis para aluguel, ainda que não tão objetivas quanto a do 64. Ali perto, do outro lado da rua, dois estabelecimentos comerciais no prédio 135 aguardam ofertas. Em um deles funcionou, até cerca de um mês atrás, a livraria Martins Fontes. Já o vizinho está fechado há tanto tempo que poucos se lembram que ali foi uma sapataria. Segundo um morador do mesmo prédio, que preferiu não se identificar, os preços estão exorbitantes: — Os preços estão altíssimos! Ouvi falar que estão pedindo R$ 1.360 milhão de luvas por esta loja em que funcionava a Martins Fontes. Procurada pelo jornal "O GLOBO", a imobiliária não passou detalhes do imóvel. Já a placa da loja ao lado indica, pelos telefones para consulta, que a proprietária é a mesma dos estabelecimentos disponíveis no número 64. E, como eles, está vazia há tantos anos, que os vizinhos nem sabem dizer quantos. Já o número 559, onde funcionava a Clínica Ortopédica KCM há mais de dez anos, está desocupado faz pouco mais de uma semana, segundo vizinhos. A atendente do escritório de advocacia que negocia o aluguel, Andréa Silva, informou que o aluguel está por R$ 15 mil, com R$ 400 mil de luvas. Para a presidente da Associação Comercial do Leblon, Evelyn Rosenzweig, um dos fatores que contribuem para o aumento dos preços é a expectativa da chegada do metrô ao bairro, em 2016. — Na galeria do número 135 da Ataulfo de Paiva, na altura do Jardim de Alah, os proprietários não têm interesse em negociar com os lojistas por preços mais baixos agora, durante as obras do metrô. Quem não têm fôlego não está aguentando ficar. E os preços vão ficar ainda mais altos depois — estima ela. — A floricultura ao lado da antiga livraria Letras e Expressões (cujo espaço foi ocupado pela Drogasmil depois e, há cerca de três meses, está de novo vazio) tem imóvel próprio. Mas os donos estariam querendo passar o ponto e pedindo R$ 400 mil de luvas, mais R$ 15 mil de aluguel. Eles estão apostando numa valorização por conta do metrô. Com os preços subindo, tem muita gente fechando. E está mudando o perfil do comerciante.

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