quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Donald Trump é eleito presidente dos Estados Unidos

Minha admiração por Donald Trump vem desde a década de 80, quando eu ainda era garoto e ouvia falar dos grandes projetos de um tal ousado empresário na ilha de Manhattan, em Nova Iorque. Lembro-me que andava para todo lado com seu primeiro livro: "Trump: a arte da negociação". De lá para cá muita coisa aconteceu, ele desenvolveu vários projetos imobiliários, uma companhia aérea, comprou o concurso Miss Universo, foi apresentador de uma dos reality-shows de maior audiência dos Estados Unidos, faliu algumas vezes mas se reergueu e agora se torna o presidente eleito dos Estados Unidos. Agora, contrariando todas as expectativas, o empresário republicano Donald Trump venceu e é o novo presidente dos Estados Unidos. Até as vésperas da eleição, pesquisas de intenção de voto mostravam a democrata Hillary Clinton em apertada vantagem. Esse cenário, no entanto, mudou. Após meses de uma disputa acirrada, o magnata assegurou na manhã de hoje, dia 9 de novembro, os 270 delegados necessários para ser eleito pelo Colégio Eleitoral. A informação foi divulgada em torno das 05h40 (horário de Brasília) pela agência Associated Press e o resultado foi logo repercutido pelos maiores jornais do país. Momentos após a vitória, o empresário falou aos eleitores em um discurso no qual disse ter recebido uma ligação de sua rival Hillary e se dirigiu ao povo americano em tom de união e conciliação. “Me dirijo a vocês para pedir ajuda, para que juntos unifiquemos o país”, disse o magnata, “nossa campanha foi um movimento incrível”. “Cada americano terá a oportunidade de realizar o seu potencial total, homens e mulheres não serão esquecidos”, pontuou. Foi ovacionado. Agora, Donald John Trump, o outsider que se vangloria de ter financiado a própria campanha, é o 45º presidente do país. O sucessor de Barack Obama assume o cargo em 20 de janeiro, no chamado “Dia da Inauguração”. Mas o caminho de Trump à presidência não foi fácil e a solidez da sua candidatura foi questionada diversas vezes, especialmente por nomes de peso de seu partido, que vive uma crise interna sem precedentes. Durante as primárias, conseguiu assegurar os votos de 13 milhões de pessoas e deixou para trás candidatos com mais experiência e vivência política como o senador do Texas, Ted Cruz, e o senador da Flórida, Marco Rubio. Consolidado como o candidato oficial após a convenção nacional em julho, Trump seguiu levantando a bandeira anti-imigratória, acusando a China de ser desleal no mercado externo, aplaudindo o Brexit e desferindo golpes contra sua rival Hillary e Barack Obama. A contagem dos votos não foi menos emocionante. Durante a noite do dia 8 e madrugada do dia 9, o bilionário trilhou o caminho à Casa Branca vencendo aos poucos nos chamados “swing states”, aqueles onde qualquer resultado era possível, como Flórida e Ohio. Donald Trump não é exatamente conhecido pela consistência das suas declarações e propostas. Portanto, enquanto o seu gabinete oficial não for anunciado, previsões sobre o panorama da sua presidência são difíceis de serem feitas. Em algumas áreas o comportamento do empresário ao longo da campanha traz algumas pistas. Ele chamou a atenção do mundo ao falar diversas vezes na construção de um muro para separar o México dos Estados Unidos e prometeu banir os muçulmanos do país. Em relação ao aborto, por exemplo, chegou a mudar de ideia por três vezes em apenas três dias, como notou o jornal americano The Washington Post. Para John Hudak, pesquisador do Brookings Institution e diretor do Centro de Políticas Públicas da entidade, no que diz respeito ao cenário da política externa, as propostas de Trump ainda são uma porta aberta. “Passamos por dois anos de campanha e até agora não temos um entendimento sólido de como será a sua política externa, e isso é perturbador”. No campo econômico, os planos do empresário estão baseados em quatro pilares: impostos, comércio, energia e regulação, como explicou Peter Navarro, professor da Universidade de Irvine, na Califórnia, e que fez parte do time econômico de Trump durante a campanha. Quer reduzir os impostos, realizar uma reforma regulatória, além de ser a favor da emissão de vouchers escolares para que os pais escolham as escolas e contra o chamado Obamacare, medida que ampliou o acesso à saúde por meio do controle dos preços dos planos. Como será o seu desempenho nessa área é outra incógnita. Antes da eleição, um grupo de 370 economistas, entre eles vencedores do Nobel de Economia, classificou a ascensão do empresário ao posto de presidente como “perigo único ao funcionamento das instituições democráticas e à prosperidade do país”. Não acredito em um radicalismo de Donald Trump. Mas que haverá um choque na gestão da maior potência do mundo, isso é certo.

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