sábado, 17 de dezembro de 2016

Após 21 anos, Hotel Nacional Rio está de volta


Se o verdadeiro luxo está na localização, o renascido Hotel Nacional é nababesco. Colado ao morro Dois Irmãos, com vista desimpedida para a Pedra da Gávea, está a passos da praia de São Conrado, no Rio. Para quem está no topo do cilindro de 33 andares, inaugurado em 1972, até o Cristo Redentor comparece. Já o arquiteto Oscar Niemeyer e o empresário José Tjurs viam espaço como privilégio para o então mais alto hotel do país, em um terreno de 15 mil m². O saguão, sem colunas, com vista para o mar, tem 3.000 m². Os jardins de Burle Marx, 2.500 m². "Ninguém mais constrói algo tão amplo e generoso", diz Rui Manuel Oliveira, vice­presidente da rede Meliá no Brasil, que vai operar o recém­reaberto cinco estrelas. Os últimos hóspedes tinham feito seu check­out em 1995. À época, o hotel pertencia ao banqueiro Artur Falk, da corretora Interunion, acusado de fraudes com os títulos de capitalização Papa­Tudo. O hotel faliu e o negócio sofreu intervenção federal. Por quase 20 anos, virou uma carcaça imponente. Obras de arte foram furtadas, o mobiliário modernista foi leiloado e virou um mico imobiliário. Em 2009, um grupo capitaneado pelo empresário goiano Marcelo Limirio Gonçalves, ex­dono do laboratório Neoquímica e sócio da Hypermarcas, arrematou a torre por R$ 85 milhões. Depois vieram a associação com a rede espanhola Meliá e um longo processo com o órgão de preservação do patrimônio histórico do Rio, o IRPH, que permitiu pouquíssimas alterações ao projeto original. Encontrar fornecedores para repor as peças que já não existem mais no mercado também desacelerou a recuperação da obra, que estava prevista para a Olimpíada. A conta total ficou em R$ 420 milhões. A Folha visitou o hotel em seu primeiro dia de funcionamento, na quinta (15/12), dia do aniversário de Niemeyer, ainda em regime de soft opening –um ensaio que durará um mês, com 60 quartos já prontos. Em 15 de janeiro, espera­se que os 413 quartos estejam operando. Um restaurante, um bar e um spa devem ser abertos até fevereiro. O centro de convenções, meses depois. O espaço da antiga boate Mykonos, no subsolo, será transformado em adega para degustações de vinhos. O antigo teatro, com pé direito baixo e acústica complicada, será incorporado ao centro de convenções. Ambos foram considerados inseguros sob a legislação atual – e Niemeyer não deixava que detalhes de funcionalidade prejudicassem o efeito de suas obras.

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