terça-feira, 17 de março de 2020

“A crise é enorme”, diz presidente da Latam no Brasil


Do Portal Exame.com - Com o setor aéreo agonizando por causa da crise do coronavírus e com vendas para voos internacionais próximas a zero, o presidente da Latam no Brasil, Jerome Cadier, afirma que a sobrevivência das empresas dependerá das medidas do governo federal. As companhias aéreas negociam com os ministérios de Infraestrutura e Economia uma linha de crédito para capital de giro, a postergação do recolhimento de impostos e regras diferenciadas para a devolução de passagens aos consumidores. “Não estamos tentando resolver problemas estruturais nem pedindo renúncia fiscal ao governo. As empresas aéreas querem ajuda no curto prazo porque a demanda vai voltar em algum momento”, disse Cadier. Segundo o executivo, a demanda deve ficar retraída por até seis meses e a ajuda do governo não pode ser tímida. “Não adianta um movimento pequeno. A crise é enorme.” A seguir, trechos da entrevista.

-A Latam anunciou um corte total de 70% em sua operação. Esse número corresponde ao tamanho da queda de demanda? 

Esse número é uma conjunção de dois fatores. Algumas rotas são impossíveis de voar porque as fronteiras de países foram fechadas. Há também o impacto da queda de demanda. O que é interessante é que, no dia 12, anunciamos um corte de 30% nos voos internacionais. Agora, esse número é de 90%. O principal fator é a velocidade com que as coisas estão acontecendo. 

-Qual a queda de demanda? 

É difícil dar guidance. O internacional está numa situação de pouca venda, se não for zero. No doméstico, a queda foi brutal. Temos uma combinação inédita de venda muito baixa com cancelamento alto de viagens e postergação de passagens. Isso faz com que a quantidade de passageiros esteja bem mais baixa.

-Quanto tempo uma companhia aérea resiste nessas condições?

Difícil dizer também. Depende das ações do governo. Se não vier nenhuma mudança, esses 90% de voos cancelados podem virar 100% rapidamente. Aí pode acontecer de não ter mais nem voo doméstico nem internacional. É um cenário possível, que queremos evitar.

-Qual o impacto econômico dessa crise para a empresa?

O que podemos divulgar é o que temos feito com os ministérios da Infraestrutura e da Economia. A gente compartilha com eles essa tendência de queda de vendas muito forte, cancelamentos e países fechando fronteiras. Na semana passada, teve um mal-entendido sobre esse assunto. Não estamos tentando resolver problemas estruturais do setor nem pedindo renúncia fiscal ao governo. As empresas aéreas querem ajuda no curto prazo porque a demanda vai voltar em algum momento.

-Como o governo tem respondido aos pedidos do setor?

Três coisas estão na pauta. Primeiro, ajuda para o caixa das empresas no curto prazo. Segundo, postergação de recolhimento de impostos, para ainda em 2020. Empurrar para a frente alguns recolhimentos de PIS/Cofins não afetaria as contas do governo em 2020, mas ajudaria as companhias. O terceiro são medidas relacionadas aos consumidores, que estão solicitando o dinheiro de volta. A gente está tentando garantir maneiras mais inteligentes, neste período de crise, de pensar na devolução, seja transformando em crédito, seja devolvendo o dinheiro mais adiante, quando a crise tiver sido digerida.

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