domingo, 28 de setembro de 2008

Investimentos na infra-estrutura aeroportuária urgentemente

De Boston, USA - Os seguidos apagões experimentados por passageiros de avião no Brasil desde 2006 deixaram bem claras a situação precária do setor de transporte aéreo e a necessidade urgente de investimentos na infra-estrutura aeroportuária. Mas foi uma ameaça de apagão no futebol que trouxe à tona a proposta de privatizar os aeroportos, discutida desde 2005 apenas nos bastidores do governo. Na primeira semana de setembro, numa reunião com assessores e ministros ligados ao setor, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou que a administração dos aeroportos do Galeão, no Rio de Janeiro, e de Viracopos, em Campinas, seja concedida à iniciativa privada até o final de 2009. Um novo aeroporto para São Paulo, a ser construído e operado pela iniciativa privada, também está nos planos. Caberá ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) fazer os estudos de viabilidade que fundamentarão os editais de licitação. A preocupação declarada do presidente é garantir que o Brasil tenha condições de sediar a Copa do Mundo de 2014. A idéia é evitar o constrangimento passado pela Colômbia, que teve de desistir da Copa de 1986 por não ter recursos para as obras de infra-estrutura requisitadas (o campeonato acabou sendo realizado no México). Se realmente forem concretizadas, as concessões poderão funcionar como laboratório de um novo modelo para o setor aeroportuário, que permita ao Brasil escapar de futuros apagões — e sediar uma Copa do Mundo sem correr o risco de um vexame internacional. O Galeão é hoje uma péssima porta de entrada para uma cidade que pretende ser uma das capitais da Copa de 2014. Os banheiros estão sujos e malconservados. Parte das escadas rolantes e dos elevadores não funciona. Não há vagas suficientes de estacionamento para os visitantes. Os representantes do Comitê Olímpico Internacional que estiveram no Rio checando a candidatura da cidade a sede da Olimpíada de 2016 ficaram claramente mal impressionados com o que viram. As notas dos 11 itens avaliados no Galeão variaram de 5 a 7,5, enquanto os aeroportos das cidades concorrentes — Madri, Tóquio e Chicago — receberam avaliações entre 8,5 e 9,5. O mau desempenho do aeroporto reflete sua perda de importância nos últimos anos. Até 1985, segundo um estudo feito pelo governo do Rio, o movimento nos aeroportos do estado chegou a ser maior que o registrado em São Paulo. Hoje, a situação se inverteu. O aeroporto de Guarulhos concentra a maior parte dos vôos internacionais, e o resultado é um Galeão subutilizado. Os 11 milhões de passageiros que o aeroporto movimenta por ano representam apenas 60% de sua capacidade total. As projeções da Infraero mostram que, depois de reformado, o Galeão poderia movimentar até 20 milhões de passageiros. Da forma como está, apesar de arrecadar 278 milhões de reais por ano, o Galeão tem altos custos de manutenção e reparo, que sugam todo o lucro de mais de 5 milhões de reais. O resultado, em 2007, foi um prejuízo de 166 000 reais, segundo a revista EXAME.

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