terça-feira, 23 de setembro de 2008

Como fica o Brasil caso a crise internacional se agrave

O pacote de medidas anunciado pelo governo americano levou euforia ao mercado financeiro na última sexta-feira (19), mas ainda é insuficiente para debelar a crise, segundo o próprio secretário do Tesouro dos EUA, Henry Paulson. Muitos dos créditos podres que sufocam o sistema financeiro não são elegíveis para o programa de ajuda, que somará 700 bilhões de dólares. Tanto que as ações de bancos americanos de pequeno e médio porte despencaram nesta semana. Além disso, ainda não há garantias de que o pacote será rapidamente aprovado, já que o Partido Democrata tenta incluir também ajuda a mutuários no programa. As dificuldades para a aprovação do plano geraram intranqüilidade no mercado. A bolsa brasileira chegou a cair 4% nesta terça-feira e completou dois pregões em baixa. O presidente do Federal Reserve (banco central dos EUA), Ben Bernanke, tentou reagir e disse no Congresso que a rejeição do plano impediria o bom funcionamento dos mercados e mergulharia os EUA na recessão. Para o Brasil, o agravamento da crise americana não seria nada bom. Até agora só a Bovespa, a BM&F e os exportadores sentiram o golpe, mas a economia real continua funcionando bem. Analistas ouvidos  alertam, no entanto, que o prolongamento da crise e a quebra de mais bancos poderiam dificultar a obtenção de crédito no país. “As empresas poderão ser atingidas e o reforço de capital para financiá-las terá de vir internamente, via sistema financeiro público, com linhas de crédito de longo prazo”, afirma o economista e professor Ricardo Carneiro, da Unicamp. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) já foi orientado pelo presidente Lula a aumentar a concessão de crédito para as empresas que estiverem temporariamente sem acesso a financiamento internacional por causa da crise. O presidente do banco, Luciano Coutinho, elevou a previsão de desembolsos neste ano de 80 bilhões de reais para 85 bilhões de reais com a demanda inesperada. A instituição obteve um empréstimo de 15 bilhões do Tesouro Nacional, negocia a captação de 7 bilhões de reais do FGTS e levantou 1 bilhão de dólares no mercado externo para garantir a expansão das linhas de crédito.

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