quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Margem de manobra do BC para segurar valor do dólar se estreita


Segundo o jornal Folha de São Paulo, o espaço para o Banco Central impedir a desvalorização do real diminuiu. Na percepção do mercado financeiro, o Brasil está mais vulnerável do que mostram os indicadores divulgados pelo governo Dilma. Até agora, o BC já fez uma intervenção de US$ 90 bilhões no mercado de câmbio. Essas operações estreitaram a diferença entre as reservas internacionais do país e a dívida externa e outras obrigações atreladas ao dólar. A exposição do país ao risco cambial subiu de US$ 121 bilhões em dezembro de 2012 para US$ 219 bilhões em junho deste ano, conforme os dados mais recentes disponíveis no BC e no Tesouro. Esse valor representa 58% das reservas internacionais do país, que se mantiveram em torno de US$ 370 bilhões no último um ano e meio. Em dezembro de 2012, a proporção era de 32%. O cálculo da exposição ao risco cambial provoca polêmica, porque soma a dívida externa do país com as intervenções feitas pelo BC. O assunto ganhou espaço na eleição presidencial depois que o candidato da oposição Aécio Neves acusou o governo de Dilma Rousseff de "populismo cambial" por utilizar o BC para manter o atual patamar do real. Desde o ano passado, o BC atua diariamente no mercado de câmbio e mantém o dólar entre R$ 2,20 e R$ 2,30. Isso ajuda a conter a inflação e preservar o poder de compra dos consumidores. As intervenções do BC são feitas por meio de "swaps", instrumentos financeiros que equivalem a uma venda futura de dólares. Dessa maneira, o BC induz a queda da moeda americana. No limite, o BC ainda poderia gastar US$ 155 bilhões (diferença entre obrigações cambiais e reservas) no mercado de câmbio -o que é significativo, mas bem inferior aos US$ 250 bilhões disponíveis quando as intervenções se intensificaram. Procurado, o BC não deu entrevista. O presidente do banco, Alexandre Tombini, já disse em eventos públicos que o seu objetivo é reduzir a volatilidade provocada pela decisão do Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA) de retirar os estímulos da economia norte-americana. O Fundo Monetário Internacional criticou recentemente as intervenções do BC brasileiro no câmbio, que "não deveriam ser utilizadas para resistir a pressões que refletem mudanças nos fundamentos da economia". Para o FMI, o real está entre 5% e 15% mais valorizado do que indicam os "fundamentos econômicos do país".

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