segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Dívida é 1ª preocupação para rating do Brasil, diz Fitch

O diretor-executivo da Fitch Rating para o Brasil, Rafael Guedes, afirmou nesta segunda-feira (28), que "a dinâmica da dívida é preocupação número 1 de analistas" da agência internacional para a avaliação da nota soberana do país. Ele destacou também que para a análise da trajetória do passivo bruto público também contribui como o Congresso se comportará para aprovar medidas doajuste fiscal proposto pelo governo. "A perda significativa de reservas também pode causar rebaixamento de um país. Mas as reservas no Brasil estão bem e são robustas. Esse é o único ponto positivo", comentou Rafael Guedes. Ele também apontou que outros dois fatores poderiam ser uma piora substancial das dívidas de bancos públicos e uma deterioração do perfil da dívida pública interna, que não está no seu cenário-base, inclusive porque apresentou grande melhora na última década. Guedes afirmou que é "viável" para o país atingir um cenário econômico no qual evitará o avanço da dívida pública bruta. "Essa dívida está em 65% do PIB e está encostando em 70% do Produto Interno Bruto", comentou. "Para estabilizá-la, é preciso um crescimento do país próximo a 2% e superávit primário ao redor de 2,5% do PIB. É bastante factível para que o Brasil atinja essas marcas", destacou. "Mas com investimento baixo, a 16% do PIB, o país não consegue crescer 2%", ponderou Guedes. Ele ressaltou que o desequilíbrio da economia pode também ser identificado na elevação expressiva do déficit nominal, que atingiu 6,5% do PIB em 2014 e caminha para 9% do PIB neste ano. Guedes avaliou que as medidas relativas ao ajuste fiscal proposto pelo governo para 2016, com uma meta de superávit primário de 0,7% do PIB, podem ser aceitas pelo Congresso. "O ajuste não tem medidas difíceis de serem aprovadas, desde que haja consenso da base (do governo)", comentou. "Uma coisa é a vontade da equipe econômica, outra é a capacidade de passar medidas." "Ajuste fiscal com economia em retração é extremamente difícil", comentou Guedes. "O primário de 0,7% do PIB depende de uma série de medidas."Ele ressaltou que no início deste ano o Congresso não ajudou o governo na aprovação de ações corretivas das contas públicas. Ele destacou que a perspectiva negativa do Brasil indica que há risco maior de 50% para que a nota soberana do país seja rebaixada entre 12 e 18 meses.

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