terça-feira, 25 de julho de 2017

MST invade fazendas de Ricardo Teixeira e de amigo do presidente Temer


O Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) ocupou, na manhã desta terça-feira (25/07), as fazendas do coronel João Baptista Lima, amigo do presidente Michel Temer, do ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira, e do ministro da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento, Blairo Maggi. Os terrenos são localizados, respectivamente, nos municípios de Duartina (SP), Piraí (RJ) e Rondonópolis (MT). O grupo alega que as manifestações foram realizadas em terrenos ligados a pessoas que tivessem alguma relação com esquemas de corrupção: "Os latifundiários que possuem estas áreas são acusados, no cumprimento de função pública, de atos de corrupção, como lavagem de dinheiro, favorecimento ilícito, estelionato e outros". Em maio deste ano, o coronel Lima foi apontado por delatores da JBS como o responsável por receber R$ 1 milhão de propina paga pela empresa na campanha eleitoral de 2014. De acordo com o diretor Ricardo Saud, Temer recebeu R$ 15 milhões para distribuir a seus aliados. Em 2 de setembro daquele ano, R$ 1 milhão desse total foi entregue "conforme orientação direta e específica de Temer" na empresa Argeplan, em São Paulo, diretamente ao coronel. Lima já havia aparecido em outra tentativa de acordo com a Justiça. Em 2016, quando José Antunes Sobrinho, um dos sócios da Engevix, tentou fechar sua delação na Lava-Jato, a revista “Época” revelou que a Argeplan e a AGF Consulting tinham ganhado concorrência de R$ 162 milhões para as obras de Angra 3, em 2012. O coronel teria convidado a Engevix, como subcontratada. Sobrinho disse ter se encontrado duas vezes com Temer e o coronel, no escritório do então vice-presidente, em São Paulo, para tratar do assunto. Em seguida, Lima teria cobrado R$ 1 milhão, que seria destinado à campanha de Temer em 2014. O coronel e o ex-presidente negam as acusações. De acordo com a Polícia Militar de Piraí, a fazenda de Teixeira, Santa Rosa, possui mais de 500 hectares e foi ocupada por mais de 300 manifestantes. "Ricardo Teixeira não só desencadeou todo um sistema de estelionato sobre o futebol e lavagem de dinheiro no Brasil, segundo estimam procuradores do Ministério Público Federal, como sua expertise em corrupção no futebol é pauta do FBI e da polícia Espanhola", divulgou o MST em nota. "Muitas destas lavagens de dinheiro passam pelo contexto da aquisição e valorização especulativa de grandes extensões de terras", completa. Reportagem publicada pelo GLOBO em 2015, dizia que a fazenda Santa Rosa tem cerca de 920 mil m², onde o cartola criava ao menos 500 cabeças de gado. Em um leilão de 2011, por exemplo, Teixeira arrecadou R$ 1,3 milhão com a venda de vacas e bezerros filhos de "raçadores da linha de frente do gado leiteiro nacional", de acordo com uma publicação especializada. A propriedade conta com um casarão colonial e um heliponto. Outra fazenda ocupada foi a SM2, do ministro Blairo Maggi, localizada na BR-163, em Rondonópolis, no Estado do Mato Grosso. O MST acusa o ministro de "estar envolvido em conjunto de denúncias de uso das legislaturas, como o de senador, para legislar em causa própria e para o fortalecimento das empresas de agronegócio". A nota dos sem-terra lembra que, em 2006, o Greenpeace concedeu a Maggi, dono de um império agropecuário, o prêmio "Motosserra do ano, por elevados danos ao meio ambiente". De acordo com Alexandre Conceição, membro da coordenação nacional do MST, as ocupações desta terça-feira fazem parte da Jornada Nacional de Lutas pela Reforma Agrária. Os sem-terra reclamam da aprovação da medida provisória 759, que mudou regras da regularização fundiária no Brasil, e da aprovação da CPI da Funai e do Incra, que apontou supostas irregularidades em demarcação de terras para reforma agrária, indígenas e quilombolas. De acordo com o movimento, as duas medidas proporcionaram "ganhos ao grande capital atuante nas terras brasileiras, por meio do grilo de terras e anistia à dividas de grandes proprietários" e criminalizaram movimentos sociais que lutam pela distribuição do acesso à terra.."Estamos mobilizados, para denunciar e lutar contra esse governo Temer que, junto a bancada ruralista, está loteando o Brasil para os estradeiros e desmontando a reforma agrária, privatizando os lotes e legalizando a grilagem de terra. Grilagem é crime, e eles querem legalizar o crime", disse Conceição, ao site do MST.

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