segunda-feira, 20 de maio de 2019

Alibaba corta prazo e frete no país


O maior site de comércio eletrônico do mundo, o chinês Alibaba lançou no Brasil o AliExpress Premium Shipping, opção que reduz o prazo de entrega no país pela metade, e com queda de até 59% nos custos de envio. É o primeiro anúncio do Alibaba envolvendo, de forma conjunta, cortes em prazos e frete em anos de operação no Brasil. Isso ocorre num momento em que Magazine Luiza, B2W e Via Varejo tentam melhorar nível de serviço local. Valor de frete e prazos são pontos centrais na decisão de compra hoje — metade dos brasileiros que desiste de uma transação na internet abandona o carrinho por causa de prazos ou valores de envio muito altos, dizem pesquisas. Segundo o anunciado ontem pelo Alibaba, o período de entrega cai de até dois meses (30 a 60 dias) para até um mês (22 a 28 dias). E com a redução nos valores do frete, uma tarifa de entrega de R$ 50, por exemplo, cairia para até R$ 20 — a empresa não informa valores, apenas a queda máxima de até 59%. Os novos prazos e preços começaram a valer nesta quarta-feira (22/05) no site do AliExpress no Brasil, operação controlada pelo Alibaba. O AliExpress opera com a venda de produtos de lojistas estrangeiros em seu site (“marketplace”), especialmente asiáticos. O site representou 51% de toda a venda de sites estrangeiros no país em 2018 (a Amazon respondeu por 25%), diz a Nielsen/Ebit. Em 12 meses, até março, o grupo vendeu no mundo cerca de US$ 850 bilhões (venda de itens de terceiros), um terço do valor da Amazon. A receita líquida foi de US$ 56 bilhões, alta de 40’%. No Brasil, o corte de prazos e frete tem apoio decisivo de seu braço de tecnologia e logística, a Cainiao Network. Em 2018, no evento anual da Cainiao, Jack Ma, fundador do Alibaba, disse que investirá US$ 15 bilhões de 2019 a 2023 para criar uma rede logística global por meio da Cainiao. A empresa não detalha, mas menciona no comunicado de ontem que haverá uma melhora “do canal na entrega terrestre por meio de parceiros locais” no Brasil. Hoje, a empresa usa principalmente o sistema dos Correios. “O Alibaba já anunciou meses atrás que quer entregar tudo em 72 horas. No Brasil, se reduzirem o prazo de entrega da China até a alfândega no Brasil para algo nessa faixa será uma revolução no segmento”, diz Eduardo Terra, presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC). Na prática, as remessas do Alibaba ao país já tem levado entre 30 a 40 dias, segundo pesquisa do Valor em sites globais de rastreamento. São 15 dias da China até os portos de Santos, Itajaí (SC) ou Rio de Janeiro, e mais 15 a 20 dias para os Correios entregarem dentro do Brasil. Atualmente, a questão do nível de serviço, que inclui aspectos como prazos de envio e atendimento ao cliente, tornou-se foco central de empresas como Magazine Luiza e Mercado Livre. O Magazine, por exemplo, está ampliando investimentos para melhorar mais rapidamente suas métricas. Por isso, a mudança anunciada ontem tem efeito no mercado local.A decisão ainda ocorre semanas após a B2W (Submarino e Americanas) anunciar a sua entrada no mercado de venda on-line de produtos estrangeiros, o segmento de atuação do AliExpress. A B2W tem cerca de 400 mil itens nesse braço, batizada de Americanas Mundo — AliExpress tem alguns milhões. Ontem, após o Alibaba anunciar a sua decisão no país, as ações de Magazine Luiza, B2W e Via Varejo intensicaram a queda na B3. Ao fazer esse movimento o Alibaba ainda tenta resolver um problema que impede a empresa de crescer mais rapidamente por aqui. A empresa já identicou que a demora nas entregas pesa mais no abandono dos carrinhos de compra no site Aliexpress que a qualidade dos produtos vendidos, oriundos da China, segundo análises internas, apurou o jornal Valor Econômico.

Nenhum comentário: