sexta-feira, 17 de maio de 2019

Em crise, tradicional hotel cinco estrelas, o Tropical, em Manaus, tem energia cortada e funcionários dispensados


Um dos hotéis mais conhecidos do Amazonas passa por uma grande crise financeira. Localizado às margens do Rio Negro, o Tropical Hotel (antigamente conhecido como o "Hotel da VARIG") vive uma realidade bem diferente da de outros tempos, quando foi destino de celebridades como as Spice Girls e seleções internacionais durante a Copa do Mundo de 2014. Há quase uma semana, o eco resort cinco estrelas está sem energia elétrica. Os hóspedes precisaram sair, e alguns funcionários foram demitidos. Jornalistas estiveram no hotel na última quinta-feira (16/05). Hall de entrada, pátio, área de convivência e corredores seguem com a mesma estrutura, mas não há nenhum turista ocupando os mais de 600 quartos. As várias lojas de souvenirs amazônicos do empreendimento ainda conservam suas vitrines, mas as portas estão fechadas. O vazio dos corredores tem motivo: uma dívida de aproximadamente R$ 20 milhões com a Eletrobras, que fez a energia elétrica do local ser cortada no dia 10 deste mês. Com isso, todos os hóspedes (não foi informada a quantidade de pessoas) que estavam ali foram reembolsados e seguiram para outros hotéis da capital. O corte de energia provocou a interrupção das atividades no hotel. Nos próximos dias, ele ficará sem receber hóspedes e com quadro reduzido de funcionários. Avaliado em quase R$ 300 milhões, o hotel já tinha dava sinais de crise há alguns anos. Antes da interrupção do fornecimento de energia, já era possível perceber a situação: boa parte dos quartos, ainda que com cuidado diário do staff, estava com colchões encostados nas paredes e passava o dia com portas e janelas abertas. No primeiro final de semana do mês, durante as primeiras horas do domingo, por duas vezes seguidas, faltou energia. Foram quedas rápidas, logo restabelecidas. À exceção do restaurante localizado no Parque das Águas, desativado há algum tempo, os serviços seguiam normalmente. O centro de lojas - que atendia não só hóspedes, mas visitantes no geral - já estava desativado. Ainda assim, lojas do interior do hotel seguiam abertas, ainda que com baixa frequência de vendas. Ponto bastante visitado do hotel, o zoológico reúne animais como onças, macacos, e tartarugas. De acordo com a assessoria, no período em que o eco resort estiver fechado, o local receberá visitas de um biólogo para cuidar da fauna.

O que diz a Amazonas Energia 

Em nota, a concessionária diz que "há mais de 20 anos ocorrem diversas tentativas de negociações com o Tropical Hotel Manaus". Suspensões de fornecimento de energia elétrica do hotel, por não cumprimento dos acordos, ocorreram por diversas vezes, ao longo dos anos. A última negociação ocorreu em abril de 2019, quando a Amazonas Energia concedeu desconto de 60%, sobre o valor de uma dívida de mais de R$ 20 milhões, o acordo, que previa o pagamento de R$ 8 milhões, pelo Tropical Hotel, também não foi cumprido. Desde o ano de 2018 até o presente momento, foram realizados três cortes por inadimplemento, entretanto a Distribuidora realizava o religamento mediante liminares. 

Acordos judiciais e leilões

Nos três primeiros meses de 2019, os representantes do hotel participaram de várias audiências especiais de mediação no Centro Judiciário de Métodos Consensuais de Solução de Disputas - CEJUSC-JT do Tribunal Regional do Trabalho da 11ª Região (TRT11). As audiências envolveram processos que tramitavam em primeira instância, a maioria em fase de execução. Das 72 audiências realizadas, houve acordo em 53 processos, totalizando o valor de R$ 1.166.210,27 a ser pago aos reclamantes. Antes disso, em outubro de 2018, processos trabalhistas que envolviam o hotel foram a discussão na 1ª Vara do Trabalho de Manaus. Dos 15 processos pautados, 11 resultaram em conciliações, totalizando R$ 132 mil reais em créditos trabalhistas. As ações trabalhistas tinham como pedidos principais o pagamento de verbas rescisórias, FGTS, férias, 13º salário, além de danos morais e materiais. Os débitos trabalhistas fizeram, ainda, com que bens do Tropical e o próprio ecoresort fossem a leilão.



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