segunda-feira, 2 de novembro de 2020

Tesouro Nacional admite que dívida vai a 100% do PIB

Com uma sequência de rombos nas contas públicas e a fatura deixada pela crise da covid-19, o Tesouro Nacional reconheceu pela primeira vez que a dívida bruta do governo vai ultrapassar os 100% do PIB nos próximos anos. A marca será atingida em 2025, quando o endividamento chegará a 100,5% do PIB. O pico será em 2026, quando o indicador chegará a 100,8% do PIB, na esteira de uma sucessão de 13 anos de rombos nas contas (desde 2014). No cenário atual, as contas devem voltar ao azul apenas em 2027. Em 2020, a dívida bruta do governo geral (DBGG) deve encerrar em 96,0% do PIB, bem acima dos 75,8% verificados no fim do ano passado. O principal fator a impulsionar este aumento é a pandemia do novo coronavírus, que tornou necessária a ampliação de gastos para combater os efeitos da doença. Numa comparação internacional, o próprio Tesouro mostrou que esse patamar de endividamento está próximo do de países cuja capacidade de pagamento é classificada como de “alto risco”, um grupo que inclui a Argentina (com dívida de 98,7% do PIB). O diferencial brasileiro, no entanto, é a quantidade expressiva de reservas internacionais (US$ 356 bilhões), ao contrário do país vizinho, que não tem uma grande linha de defesa externa e já precisou repactuar a dívida recentemente. A dívida bruta do Brasil vem crescendo desde 2014, quando o país começou a ter déficits em suas contas. No ano passado, houve uma queda de 76,5% para 75,8% do PIB com redução no rombo e a ajuda de devoluções de aportes feitos no BNDES, mas a tendência foi revertida neste ano devido à crise. 

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