sábado, 27 de setembro de 2025

Graeml e o "sistema"

A jornalista Cristina Graeml, segunda colocada nas eleições municipais do ano passado em Curitiba, formalizou na sexta-feira (26/09) sua filiação ao União Brasil, do senador Sergio Moro, em evento realizado no Hotel Pestana, em bairro nobre da capital. Filiada ao Podemos em fevereiro, ela deixou a legenda para ter mais garantias de que disputará uma vaga no Senado em 2026. Pré-candidato ao governo do Paraná, Moro aparece em primeiro lugar nas pesquisas de intenção de voto. Apoiadora do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Graeml disputou a Prefeitura como uma figura estranha na política, que viu sua campanha crescer entre a ala mais radical da direita – terminou com 390.254 votos no segundo turno. Nos debates, passou a chamar seu adversário, Eduardo Pimentel (PSD), de "candidato do sistema" e disse que não governaria com acordos e conchavos. Na sexta-feira, apesar de todas as declarações dadas na campanha do ano passado, negou que tenha sido uma candidata "antissistema".  "Eu nunca me apresentei como candidata antissistema, quem fez isso foram vocês, no papel de jornalistas, cobrindo a campanha. Eu fui identificada como antissistema pelo meu eleitor." Um ponto que chama a atenção é o fato de alguém que classificava seu adversário como "candidato do sistema" assinar a ficha de filiação do União Brasil, criado a partir de uma fusão entre DEM e PSL. O DEM é o antigo PFL, que teve sua origem na Frente Liberal, originada da ARENA, o partido que dava sustentação à ditadura militar. Puxando-se o fio da história, a base da ARENA foi a UDN (União Democrática Nacional), que reunia industriais, banqueiros e grandes fazendeiros. Mais "sistema" que isso fica difícil. Agora filiada ao União Brasil, a pré-candidata precisará explicar (espera-se) a adesão a um dos partidos que mais representa o Centrão – o grupo que esteve em todos os governos desde a redemocratização. Em Curitiba, o União apoia a administração de Eduardo Pimentel (adversário de Cristina em 2024); no Paraná, apoia o governo de Ratinho Júnior, do PSD (que vai lançar o possível adversário de Moro em 2026); e, no plano nacional, tinha cargos no governo Lula (PT), entre eles o de ministro do Turismo (Celso Sabino deixou o cargo nesta sexta-feira, 26). 

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