domingo, 22 de agosto de 2021

Pecuária pode viver um "apagão" de bezerros

A pecuária nacional tem vivido uma grande mudança, em todos os aspectos. A intensificação e a profissionalização no uso de tecnologias se tornou essencial para a sobrevivência na atividade. O uso e adoção da inseminação artificial no gado de corte no Brasil nunca foi tão expressivo quanto nos últimos anos. Mas, mesmo assim, o país deverá reviver o “apagão” de bezerros! No entanto, apesar do grande avanço desse mercado, o que deve promover uma maciça oferta de bezerros nos próximos anos, o presidente da entidade, o engenheiro agrônomo Márcio Nery, ainda prevê que a oferta de animais de reposição ainda deverá ser restrita, mantendo aquecido a valorização dos preços de bezerros e boi gordo pelo País. “Pode ser que em 2022 mais fêmeas comecem a entrar em produção, ou seja, teremos uma renovação de fêmeas em 2022 e talvez em 2023 a gente pode ter um aumento de produção de bezerros. Isso porque a pecuária pode crescer com a integração lavoura-pecuária assumindo também o papel de compradores desses bezerros. Então, o aumento da produção de bezerros desmamados de machos e fêmeas continue a não ser suficiente por conta da demanda internacional e nacional”, explica Nery em entrevista ao Portal DBO. Fatores que apontam para uma redução no volume de bezerros: Aumento no abate de matrizes no passado; Baixo volume de retenção de fêmeas no ano de 2020; Aumento dos custos de produção; Eventos climáticos impactando negativamente na oferta de pastagens; Estabilidade nos preços da arroba nos últimos meses, reduzindo a necessidade e poder de compra do pecuarista da recria/terminação. “Várias fazendas que eu visitei esse ano que tem agricultura e pecuária disseram que a pecuária de corte bateu a soja e o milho. Mas esse melhoramento genético vai permitir que essas constatações e que essa validação financeira do negócio continue, com toda a certeza”, diz Nery. Para ele, com a aceleração do melhoramento genético, com ênfase em precocidade sexual, a partir das técnicas de Inseminação Artificial por Tempo Fixo (IATF), aos poucos vai reduzir o tempo do primeiro parto das novilhas. Fazendas que empenhavam as fêmeas aos 32 meses passam a emprenhar esses animais aos 22 meses. “As eficiências da pecuária de corte vão acontecer. Então entendo claramente que o rebanho nacional não cresce, mas se mantiver esse número de cabeças, vamos produzir três a quatro vezes mais do que a gente produz hoje”, diz Nery. Outro dado importante revelado pela Asbia é a taxa porcentual de fêmeas que estão efetivamente sendo inseminadas no País. No ano passado, o índice foi de 22% e nesse primeiro semestre já atinge cerca de 23% do rebanho de matrizes de corte no País. “Pode parecer pouco, mas quando a gente compara com os nossos competidores como a Argentina, o Uruguai, os Estados Unidos e a Austrália, são países que têm em média de 7% a 8% de taxa de utilização da inseminação artificial em seu rebanho de vacas”, diz o presidente da Asbia.

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