quinta-feira, 26 de maio de 2016

Em reunião “de pacificação”, MST e Richa retomam planos de reforma agrária


Uma reunião de pacificação”: assim resumiu o assessor especial de assuntos fundiários do governo do Paraná, Hamilton Serighelli, sobre o encontro que ocorreu ontem à tarde, no Palácio Iguaçu, entre o governador Beto Richa (PSDB) e representantes do Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST). Para os participantes da reunião, houve o reestabelecimento do canal de diálogo depois de uma sequência de fatos que acirraram os ânimos nos últimos dois meses: o estouro da “bomba-relógio” – como definiu Serighelli, ao se referir à região de Quedas do Iguaçu – aconteceu no início de abril, com a morte de dois sem-terras. De lá para cá, outros fatores contribuíram para a tensão. Além do momento político nacional, que recolocou o MST como protagonista de reações, a reintegração de posse de uma fazenda em Santa Terezinha do Itaipu na semana passada foi “respondida” com a ocupação, por até dois dias, de rodovias e pedágios. Para receber integrantes do movimento, o governador colocou como condição a liberação das estradas. “Os movimentos [de ocupação] foram na perspectiva de reestabelecer a mediação política. Na medida em que ela foi reestabelecida, provavelmente as mobilizações irão diminuir”, garantiu Diego Moreira, da coordenação nacional do MST. “Foi uma reunião simbólica para reestabelecer o diálogo na busca de assentamento. Saímos daqui com uma agenda positiva. Esperamos que possamos avançar”, completou. A “agenda” a que se refere Moreira contempla ações de todos os lados: as desmobilizações de ocupações pelo MST, o comprometimento do Incra em assentar as mais de 10 mil famílias acampadas no estado da forma mais ágil possível, e a colaboração do governo do estado na contenção das ações de reintegração de posse e no programa de reforma agrária do estado. “Todo mundo atuando junto dá resultado”, disse Serighelli. Conforme Newton Guedes, superintendente do Incra no Paraná, a instituição pediu “mais tempo” para concluir processos de obtenção de áreas no estado para promover os assentamentos. A expectativa é que o processo perdure por pelo menos mais dois anos. “Houve um bom entendimento no sentido de aliviar o nível de tensão entre os envolvidos e aproveitar a pacificação no Paraná para apresentar soluções concretas”, disse.O líder do governo na Assembleia Legislativa, deputado Luiz Cláudio Romanelli, também avaliou o encontro como muito positivo. “O governador recebeu o MST para discutir, pontualmente, tudo o que tem acontecido de positivo e os pontos fora da curva que tivemos nessa relação no último mês”, disse ele. “É preciso restabelecer o diálogo e a relação profícua que tivemos nestes últimos anos. De um lado o governo tem que tratar a questão da reintegração de posse em diálogo permanente com a Justiça, que é responsável pelos processos. De outro lado, claro, o apelo foi feito para que não tenhamos novas ocupações no Estado”, explicou. Apesar do clima pacífico, o governador Beto Richa não quis falar com a imprensa depois da reunião. “Discutimos os pontos positivos e também os pontos ‘fora da curva’ que tivemos”, resumiu o líder do governo, deputado Luiz Claudio Romanelli (PSB). “Houve um compromisso de evoluir para que as áreas que estão em negociação avancem para assentar as famílias”, declarou o deputado Professor Lemos (PT).

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