quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

Consumo de carne recua na pandemia

 Do Jornal Valor Econômico - O consumo de carne bovina entre os brasileiros caiu significativamente desde o início da pandemia e chegou a 26,5 quilos por habitante em 2021. Trata-se do menor volume em 25 anos e, em relação a 2006, quando houve um pico de 42,8 quilos por habitante, o recuo é de quase 40%. Os dados, da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), foram destacados e usados como referência por pesquisadores do Centro de Inteligência da Carne Bovina (CiCarne), da Embrapa Gado de Corte. O pesquisador Guilherme Malafaia e seus colegas Sérgio de Medeiros e Fernando Teixeira Dias, que assinam o boletim “Perspectivas para a pecuária de corte em 2022”, publicado pela Embrapa na segunda-feira, dizem que o nível de consumo é o menor em 25 anos. Malafaia observa que os dados podem diferir a depender do órgão utilizado como referência. A queda se nota desde o ano passado, quando o consumo médio da proteína foi de 29,3 quilos por habitante. O cenário resulta do encarecimento dos cortes e do menor poder de compra das pessoas, devido ao avanço da inflação e do desemprego. Para o CiCarne, o cenário deverá mudar “em um futuro próximo”. “Esperamos um crescimento constante à medida que a renda e as preferências alimentares se expandam. A tendência de percepção de mais saúde [ao consumir a proteína] também será forte na carne bovina”, afirmam os pesquisadores. A retomada interna, no entanto, pode não ocorrer no curto prazo. É esperado reaquecimento de economias globais para 2022 com o avanço da vacinação, mas a inflação e o desemprego devem continuar pressionando o consumo de carne bovina no país - e o mercado interno absorve 75% da produção. Apesar de o brasileiro ter trocado o bife pelo frango, os preços da carne de boi não cederam. Uma causa é o ciclo da pecuária, quando há menos animais disponíveis para abate. No terceiro trimestre deste ano, por exemplo, os abates recuaram 10,7%, ante igual período de 2020, para 6,94 milhões de cabeças, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No ano passado, houve queda em relação a 2019. Segundo o CiCarne, este ano foi marcado por realidade similar à de 2020, com falta de animais para abastecer o mercado doméstico. Fora o efeito do ciclo pecuário, a escassez de chuvas nos principais polos produtores também afetou a engorda. Assim, o patamar de preços da arroba do boi gordo se manteve acima de R$ 300 no primeiro semestre. Os preços não cederam significativamente nem quando a China, principal importador, interrompeu compras em setembro, por causa de dois casos atípicos de “vaca louca”. Os asiáticos importaram 50% de 1,27 milhão de toneladas embarcadas pelo Brasil entre janeiro e setembro. O embargo durou mais de três meses, mas foi suspenso. O momento é de transição de ciclo e o preço do bezerro continua acima do valor médio nominal de 2020. Isso levará à retenção de fêmeas para aumentar a produção. “Como o atual ciclo pecuário se iniciou em 2019, os custos de reposição devem começar a baixar somente em 2023, apesar do aumento da oferta destes animais em 2022”, dizem os analistas do CiCarne. Sobre as exportações, a expectativa é de avanço em 2022, acredita a Embrapa. A Ásia continuará como o principal consumidor da carne bovina brasileira, com a China à frente. “Esperamos que a produção de suínos volte a cair em muitos mercados asiáticos, incluindo a China, em 2022, pelos preços descendentes e alto custo com insumos, desestimulando assim a produção”, dizem os especialistas. O fator pode favorecer vendas, porém com competição mais acirrada dos Estados Unidos. Nesse contexto, as margens dos frigoríficos devem continuar apertadas em 2022. Faltarão vacas para abate e o abastecimento do mercado interno e as indústrias buscarão bois, que estarão com a demanda aquecida no mercado externo - e com a arroba valorizada.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

Globo vende sede paulista para Vinci e pagará aluguel

 

A TV Globo vendeu para a Vinci Real Estate todo o seu complexo de imóveis onde funciona a sede da emissora em São Paulo.A informação é do jornalista Marcio Ehrlich, do Janela Publicitária. Além da Globo ser carioca, também o é a Vinci Real Estate, com sede no Leblon. O valor total da aquisição é de R$ 522 milhões, o que equivale a um preço de R$ 13.369/m². E a emissora pagará inicialmente, como locação, R$84,67/m² corrigidos anualmente pelo índice IPCA. O contrato de sale & leaseback garante à Globo ocupar o espaço pelos próximos 15 anos, podendo renovar por mais 15, porém sem direito a sublocar espaços. Para o corretor Marcus Vinícius Ferreira, do departamento de investimentos da Sergio Castro Imóveis, “a procura por ativos dando renda com contratos garantidos para grandes grupos econômicos tem aumentado a cada dia”. Para ele, muitos investidores – mesmo particulares – consideram que um imóvel garante o patrimônio investido e ainda pode gerar ótimos frutos. “Temos vendido edifícios alugados, principalmente uniempresariais, e lojas, para investidores de todo o Brasil”, esclarece o corretor. Ferreira encarou o negócio com naturalidade, ao ser consultado pelo Diário do Rio. Mas quem quiser alugar uma laje corporativa vaga no edifício da Globo já consegue, pelo site da Vinci. O aluguel é de R$ 14.370, para 192 m², condomínio de R$ 2.148 e IPTU de R$ 2.168. Direito a 5 vagas. A importância do negócio, lembra Ehrlich, é que a sede é tão icônica que a avenida que chega ao local foi rebatizada de Jornalista Roberto Marinho. E o endereço é Rua Evandro Carlos de Andrade, nome do jornalista que tanto dirigiu a área no jornal O Globo como na própria TV. No prédio são gravados o SP1 e SP2, o jornal regional de São Paulo (equivalente ao nosso RJTV), em um estúdio envidraçado, que tem como fundo a Ponte Estaiada. Também são gravadas no mesmo estúdio algumas inserções da GloboNews. O site Janela Publicitária lembra que são aproximadamente 39 mil m² de área bruta, 56 mil m² de área construída, tudo isso em um imenso terreno com mais de 43 mil m². O prédio principal leva o nome de Edifício Jornalista Roberto Marinho, o “JRM”, e foi inaugurado em 26 de abril de 2007 com seus 12 andares, e ainda há, na área, três módulos de produção, uma área de apoio, dois helipontos, e mais aproximadamente 1500 vagas de estacionamento entre subsolos e estacionamento externo.