segunda-feira, 26 de novembro de 2007

CPMF e turbulência podem adiar políticas

As incertezas no mercado financeiro internacional e na votação da CPMF, o imposto do cheque, podem suspender o anúncio da nova política industrial e a adoção de medidas na área cambial, destinadas a frear a valorização do real. Esse é o conselho que economistas de dentro e de fora do governo estão dando nos últimos dias ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao ministro Guido Mantega, da Fazenda. Para um assessor do presidente Lula que não quis se identificar, o adiamento é o mais prudente no momento, por causa das dúvidas quanto à aprovação da CPMF e a um agravamento das turbulências no mercado global, revelando que o governo já trabalha com a hipótese de derrota no Senado. A nova etapa da política industrial do governo Lula prevê corte de impostos de R$ 5 bilhões no próximo ano e tem lançamento previsto para o início de dezembro. Já o pacote de medidas cambiais está em fase de estudo no Ministério da Fazenda, que ainda não definiu o seu formato final nem o momento adequado para sua edição. Entre as medidas em análise, mas ainda sem decisão, estão o aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) na entrada de capital externo e o fim da isenção de Imposto de Renda na compra de títulos públicos por estrangeiros. O argumento dos economistas que sugerem ao governo a suspensão das medidas é que um agravamento das turbulências poderia levar o dólar a mais de R$ 2 e que o fim da CPMF geraria um problema fiscal. Dentro da equipe econômica, por sinal, esses são os dois únicos fatores apontados como elementos de risco para a economia em 2008, quando o governo espera um crescimento de 5% do PIB. A avaliação atual é que a crise do setor imobiliário americano será mais sentida no próximo ano, mas não deverá provocar uma recessão americana nem abalar a economia brasileira. Mas pode levar a um freio natural na valorização do real, dispensando a necessidade de baixar medidas na área de câmbio, medidas que a própria equipe econômica não tem segurança de que seriam suficientes para apreciar o dólar em relação ao real, diante de experiências de outros países que adotaram esse caminho. Diante dessa avaliação, a tendência é que o governo possa manter a linha de baixar medidas compensatórias para os setores prejudicados com a competição de produtos importados, como já fez com o têxtil e o calçadista. No caso da CPMF, o governo ainda crê que terá condições de aprovar a sua prorrogação. Só que hoje o Planalto já trabalha com a hipótese, antes descartada, de ser derrotado.

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