domingo, 18 de outubro de 2009

Champagne em "liquidação"

Os fabricantes de champanhe, talvez a mais glamourosa das bebidas, viveram anos mágicos durante boa parte da última década. Nesse período, as vendas do espumante produzido exclusivamente na região de Champagne-Ardenne, no nordeste da França, cresceram 4% ao ano em média. Em 2007, 339 milhões de garrafas foram vendidas no mundo, um recorde absoluto. Boa parte delas teve como destino os novos milionários que surgiam aos borbotões em mercados emergentes, como China e Rússia. Mas a crise mundial azedou o humor de boa parte dos apreciadores da bebida que, sem muitos motivos para comemorar, estouraram bem menos frisantes franceses nos últimos tempos. Em 2008, o volume de vendas caiu para 322 milhões de garrafas e as previsões mais otimistas para este ano ficam em torno de 270 milhões. Somente no primeiro semestre, a França exportou 45% menos champanhe do que no mesmo período do ano anterior. A má fase culminou com uma decisão de emergência, aprovada recentemente pelo Comité Interprofessionnel du Vin de Champagne (CIVC), órgão regulador do setor: a produção da safra de 2009 será limitada para acompanhar a demanda menor. Com estoques nas adegas das maisons de cerca de 1,2 bilhão de garrafas e sem perspectivas de vendas que compensem os custos elevados de fabricação da bebida, produtores e agricultores concordaram em abandonar 32% das uvas nas videiras neste ano. ronicamente, a desgraça dos champagnoirs tem tudo para fazer a festa dos consumidores. Varejistas, bares e restaurantes estão sendo obrigados a vender a bebida com descontos generosos para desencalhar as pilhas de caixas estocadas nos tempos de bonança. Nos Estados Unidos e na Europa é possível encontrar bons rótulos com descontos de até 50%. A lista de bebidas com desconto inclui algumas variedades de marcas, como Veuve Clicquot e Moët & Chandon. Em hotéis e restaurantes os espumantes franceses também estão com preços mais amigáveis. "Até o Natal, não serão de surpreender ofertas de 15 a 25 dólares para alguns champanhes de qualidade", diz Robert Joseph, editor na prestigiada publicação Meininger Wine Business International. No Brasil, os descontos também chegaram, embora por motivos diferentes. As vendas de champanhe cresceram mesmo durante a crise. De um ano para cá, o volume importado aumentou 5%, chegando a 237 000 garrafas, quantidade bastante pequena se comparada aos principais mercados mundiais. Na França, por exemplo, o número de garrafas consumidas por ano é de cerca de 180 milhões. "O crescimento no Brasil é consistente, mas o mercado ainda é muito pequeno, por isso os importadores e os principais varejistas têm optado por uma estratégia de estímulo para aumentar o número de consumidores", diz Rodrigo Adura, gerente comercial do setor de alcoólicos do grupo Pão de Açúcar. A ideia também é educar o consumidor a tomar a bebida durante o ano todo e não apenas no Natal e Ano Novo, época que concentra 80% das vendas de champanhe no país. De junho a agosto, as lojas do Pão de Açúcar ofereceram 50% de desconto na compra da segunda garrafa de qualquer champanhe, campanha que elevou as vendas em 35%. A Expand, maior importadora de vinhos no Brasil, em parceria com alguns restaurantes de São Paulo, realizou uma promoção no Dia dos Namorados. O casal que pedisse uma garrafa de champanhe na mesa levava outra de presente para casa. Para as festas de fim de ano, a partir do final de outubro, descontos de 10% a 20% estão programados nas principais lojas e supermercados.

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