quinta-feira, 11 de abril de 2013

Relatório Amigos da Terra: um terço da carne que chega à mesa do brasileiro não passa por inspeção

Relatório da ONG Amigos da Terra sobre o abate bovino no País afirma que um terço da carne que chega à mesa do brasileiro não passa sequer por inspeção. O trabalho, realizado ao longo de oito meses pela OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) Amigos da Terra – Amazônia Brasileira, foi lançado no Congresso Nacional, em audiências públicas planejadas no Senado e na Câmara dos Deputados. Nova etapa de uma pesquisa sobre as cadeias da pecuária iniciada desde 2007, o relatório Radiografia da Carne no Brasil foca os empreendimentos industriais com inspeção municipal e estadual (esta etapa não analisa o chamado abate clandestino). O trabalho, em estados responsáveis por mais de 60% do rebanho nacional, aponta para uma falha sistêmica: em aproximadamente 80% dos empreendimentos não é sequer realizada a inspeção sanitária. A falta de sanidade vai junto com o desrespeito ao meio ambiente, aos direitos trabalhistas, ao bem-estar animal e, mais em geral, à falta de rastreabilidade e origem do produto.
Segundo o diretor da Amigos da Terra, Roberto Smeraldi, se acabar a inspeção de ficção, não vai faltar carne na mesa do brasileiro, pois a capacidade de abate em plantas com inspeção federal atinge mais do que o dobro da produção atual. Em discurso aos parlamentares, ele apelará ao Congresso para um sistema único de inspeção.  A pesquisa da ONG mostra uma situação paradoxal: a existência, de fato, de quatro padrões sanitários diferentes dentro do Brasil, que não levam em conta que o risco para os consumidores é o mesmo, independentemente de onde a carne é consumida. Mas a realidade é que o padrão mais exigente é o das carnes exportadas, depois vem o das carnes submetidas a inspeção federal (SIF), em seguida daquelas submetidas a inspeção estadual (SIE), e finalmente daquelas objeto de inspeção municipal (SIM).
O relatório evidencia a difusa omissão de veterinários que assinam certificados sem sequer estar presentes ao abate, o que permite que a carne circule sem ser considerada clandestina. Smeraldi afirma que o Conselho dos veterinários tem a oportunidade de preservar a dignidade dos bons profissionais, afastando todos os que emprestam seu nome para a inspeção de ficção. Abaixo, o vídeo sobre a Radiografia da Carne.

         


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