O apagão que deixou boa parte do país sem energia ontem não reflete o nível de investimentos que a Eletrobras vem fazendo. Também não tem nada a ver com o aumento do consumo (como muitos pensam) e sim com a vulnerabilidade do sistema que ao que parece não recebeu os recursos adequadamente. Se apurarmos os investimentos realizados acusaremos um crescimento de 15% em 2013 na comparação com 2012 atingindo R$ 7,2 bilhões no período. Porém investem de forma equivocada. Um dos principais motivos para o apagão certamente se deve a demora na operação de novas linhas de transmissão. Menos linhas significa menos segurança no sistema que, embora seja interligado e portanto mais eficiente, na medida em que cresce, aumenta sua vulnerabilidade. Os investimentos foram alocados na usina nuclear de Angra 3 cujo custo está estimado em R$ 10 bilhões. Do total de recursos investidos pela empresa, cerca de R$ 1,5 bilhão foram para a usina. O projeto, no entanto, está sendo alvo de investigação pelo TCU que constatou sobrepreço nas obras da usina. A segunda maior alocação de recursos foi para a implantação da Usina Termelétrica de Mauá 3 que já recebeu R$ 514 milhões de um total de R$ 535 milhões previstos para este ano. Essas duas usinas refletem a falta de planejamento da Eletrobras que investe numa usina nuclear, cujo preço da energia é um dos mais caros do mundo, ao invés de linhas de transmissão e em uma termelétrica (que também tem custo de produção extremamente elevado). Soma-se a isso a ineficácia de aplicação dos recursos pelo fato de muitas subsidiárias não terem conseguido executar plenamente os investimentos, apesar do aumento dos recursos.
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