quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Tropeços em série do governo recriam cenário de impeachment


Um mês após dar sinais de que conseguiria controlar a crise com o Congresso Nacional, o governo Dilma Rousseff sofre com os próprios tropeços e se vê às voltas com o recrudescimento do debate sobre impeachment da presidente. Na manhã seguinte ao anúncio de que a agência de classificação de risco Standard & Poor’s havia retirado o selo de bom pagador do país, cerca de 50 parlamentares participaram nesta quinta-feira (10/09) da criação de um movimento pelo afastamento da presidente por crime de responsabilidade. O principal fato novo foi a adesão aberta de deputados de partidos da base aliada, como PMDB, PTB e PSD, à manifestação da oposição. O grupo lançou um site (www.proimpeachment.com.br) para recolher assinaturas e apresentar um pedido de abertura do processo de cassação de Dilma em 15 dias. Para agilizar as ações, deve ser endossado o pedido de impeachment de um dos fundadores do PT, o advogado paulista Hélio Bicudo. Protocolado na semana passada, o documento tem como base de acusação as “pedaladas fiscais”, manobras orçamentárias usadas para mascarar problemas nas contas do governo. Embora tenha surpreendido pela quantidade de partidos, o quórum da manifestação desta quinta-feira mostra que falta muito para atingir os 342 votos necessários para abertura do processo na Câmara. A intenção, no entanto, é criar um ambiente favorável para que o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), pelo menos receba o pedido e dê o pontapé inicial ao processo de aceitação do impeachment pelo plenário. No atual mandato de Dilma, foram apresentados 21 pedidos, dos quais nove foram arquivados sumariamente por Cunha e os demais 12 (incluindo o de Bicudo) permanecem em análise. Um dos peemedebistas presentes no evento, o gaúcho Darcisio Perondi declarou que Cunha “está junto” com a ala do partido favorável ao impeachment, mas que só “vai entrar em campo no momento certo”. Jarbas Vasconcellos (PMDB-PE), que chegou a discursar, disse que é “importante que o PMDB tenha consciência que a saída de Dilma é inevitável para dar o exemplo”. O deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) e a filha do ex-deputado Roberto Jefferson, Cristiane Brasil (PTB-RJ), engrossaram o grupo. Organizador do movimento junto com os líderes do DEM e PSDB, o paranaense Rubens Bueno (PPS) citou que, além do consenso sobre a estratégia para se chegar ao impeachment, os envolvidos passaram a enxergar um pós-Dilma. “É possível um projeto de união nacional em torno de Michel Temer [vice-presidente]”, declarou. Até o momento, o entrave para um acordo entre peemedebistas e oposição era o apoio a Temer. Com informações da Gazeta do Povo, de Curitiba.

Nenhum comentário: