sábado, 6 de agosto de 2016

O Brasil perde a genialidade do Professor Ivo Pitanguy



 Respeitado por seus pares, reverenciado por seus alunos, adorado pelos pacientes. Ivo Pitanguy não era apenas um médico talentoso; era grife. Por seu centro cirúrgico passaram não só as mais belas mulheres do mundo tentando vencer a corrida contra o tempo, como especialistas em busca de aperfeiçoamento, ou talvez, da receita de tanto sucesso. Referência em uma especialidade aparentemente superficial, o médico não se interessava apenas pela estética. Ao contrário. Por ter começado a vida profissional observando reconstruções de face, Pitanguy tinha enorme interesse em ajudar as pessoas a viver. O cirurgião morreu na tarde deste sábado, aos 90 anos, como divulgou com exclusividade o blog do Ancelmo, do jornal O Globo. Por seu consultório passaram musas do cinema internacional, chefes de estado, celebridades nacionais, homens e mulheres que, declarando ou não terem feito cirurgia, jamais tiveram tal fato confirmado por Pitanguy. Ele mesmo, aliás, nunca corrigiu nada no rosto. Elegante, o médico se apresentava de terno. Nos últimos anos, chegava à clínica à tarde todos os dias e reservava a manhã para ficar em casa, no Alto da Gávea, ler e almoçar com tranquilidade. Dormir, só cinco horas por noite. O médico acordava cedo, lia os jornais, caminhava, exercitava-se bastante. De vez em quando essa rotina era quebrada, como no carnaval de 1999, quando foi enredo da escola de samba Caprichosos de Pilares. Ele desfilou eufórico em carro alegórico, cantou o samba que rimava Pitanguy com bisturi e garantiu à escola o nono lugar naquele ano. O cirurgião plástico costumava dizer que a vida lhe ensinava a cada dia, “e o triste de morrer é parar de sentir esta vontade de sempre conhecer um pouco mais”. Pitanguy morreu na tarde de ontem, aos 90 anos, de parada cardíaca, em casa, um dia depois de carregar a tocha olímpica. Abatido, ele conduziu o símbolo numa cadeira de rodas. O velório será hoje, a partir das 13h, no Memorial do Carmo. Pitanguy deixa a mulher, Marilu, com quem era casado há mais de 50 anos, os filhos Ivo, Gisela, Helcius e Bernardo e cinco netos. Foi também uma das primeiras personalidades a conceder entrevista para o Portal Frizz (www.frizz.com.br), no ano de 2002. Tive o prazer de encontrá-lo várias vezes em sua Clínica, em Botafogo, no Rio de Janeiro. A ele a nossa homenagem.

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