sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Mesmo com influência política, Eike e o "Império X "não se salvaram


Quando soube da prisão de Marcelo Odebrecht, o empresário Eike Batista se sentiu vingado. Ele dizia com orgulho em reuniões reservadas que seu nome nunca apareceria na Operação Lava Jato. Afirmava que seus negócios não deram certo porque o mercado não quis esperar que os projetos amadurecessem, mas que ele não seria acusado de se beneficiar de dinheiro público. Eike não gostava de Odebrecht, a quem atribuía sua dificuldade para fazer negócios com a Petrobras. Um ano e meio depois da prisão do empreiteiro, foi a vez de Eike virar alvo da Lava Jato, acusado de repassar propina de US$ 16,5 milhões para Sérgio Cabral. A proximidade entre Eike e o ex­-governador do Rio despertava suspeitas desde que se tornou público que o empresário emprestava seus jatos para o peemedebista. Ao ser questionado por pessoas próximas sobre o assunto, Eike reconhecia que tinha cometido um erro ao emprestar os aviões para Cabral, mas que era difícil negar um pedido do governador. E garantia que os "favores" nunca tinham passado daí. No início de sua carreira, Eike se vangloriava de que geria três minas de ouro sem nunca ter falado com um ministro de Minas e Energia ­ com exceção de seu pai, Eliezer Batista, que ocupou o cargo antes do governo militar. Mas essa suposta independência do poder público não resistiu ao crescimento dos negócios. Recém separado da modelo Luma de Oliveira, Eike já era considerado um bilionário quando diversificou.Ele se aproveitou do otimismo dos anos Lula e abriu o capital de seis empresas na bolsa, incluindo a petroleira OGX e a mineradora MMX, levantando R$ 27 bilhões. Em 2012, foi classificado como o sétimo homem mais rico do mundo pela revista Forbes, com uma fortuna estimada em US$ 30 bilhões. Considerado um exemplo de empreendedor, Eike foi incluído pelo governo petista na política de fomentar os campeões nacionais e agraciado com R$ 10 bilhões em empréstimos pelo BNDES. Ele chegou a se aproximar do então presidente Lula, de quem comprou um terno por R$ 500 mil em um leilão beneficente. Recentemente, o empresário procurou a polícia para esclarecer parte de suas relações com o petismo. Disse ter sido procurado pelo ex­ministro da Fazenda, Guido Mantega, que teria pedido R$ 5 milhões para pagar dívidas de campanha do PT. As conexões políticas, no entanto, não foram suficientes para salvar Eike quando uma crise de confiança se instalou em seu império. Em 2013, quando a OGX iniciou a extração de petróleo e sua produção passou longe das previsões, o crédito secou. As empresas do grupo X tiveram que ser vendidas para pagar dívidas bilionárias. Uma operação de salvamento foi montada, envolvendo ministros do governo Dilma, mas não vingou.Durante muito tempo, o empresário se queixou aos mais próximos de que fora abandonado pelo governo. Ele culpava especialmente o BNDES, que travou empréstimos em um momento crítico para o grupo. Antes de ter a prisão decretada, do 10a andar do edifício 154 da Praia do Flamengo, no Rio, Eike arquitetava seu retorno ao mundo dos negócios. Ao lado de cerca de meia dúzia de executivos, tentava enveredar no mercado de pastas de dente. Com informações da Folha de São Paulo.

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