quarta-feira, 10 de abril de 2019

Caoa pretende fazer caminhões pesados da Hyundai na fábrica da Ford em São Bernardo


Em conversas avança­das para comprar a fábrica da Ford em São Bernardo, o Grupo Caoa pretende produzir no local caminhões pesados da linha Xcient, da coreana Hyundai, e dividir a linha de montagem com os modelos médios da mar­ca norte-americana, segun­do fontes ligadas à negociação. O mais cotado para ser o primeiro produto da nova fase é o cavalo mecânico P440, que disputaria mercado com modelos da Mercedes-Benz, Scania e Volvo, entre outras marcas. Há tempos a Caoa estuda a viabilidade de produzir cami­nhões semipesados e pesados no Brasil. O grupo já fabrica os leves HR e HD80 em Anápolis (GO). Recentemente circula­ram na internet fotos de unidades do Xcient P440 e do leve Mighty no pátio onde a Caoa movimenta veículos importados na cidade goiana. A possibilidade da compra da fábrica da Ford, portanto, surgiu como uma solução sob medida para a empresa. Ao concretizar o negócio, o grupo pode transformar a fábrica do ABC em plataforma de exportação da linha de caminhões da Hyundai. Além de atender o mercado brasileiro, a fábrica poderá fornecer caminhões para outros países da América do Sul. Os modelos Xcient já são vendidos no Uruguai e no Paraguai, países com os quais o Brasil mantêm acordos de livre comércio. Produzir veículos de marcas distintas em uma mesma fábrica não será novidade para a Caoa. Em Anápolis, o grupo já fabrica os SUVs ix35 e Tucson, da Hyundai, além do Tiggo 5x e Tiggo 7 da marca Caoa Chery, criada após a empresa brasileira adquirir o controle da operação local da companhia chinesa. O negócio incluiu também o comando da fábrica erguida pela Chery em Jacareí (SP). Lá, a Caoa Chery fabrica o subcompacto QQ, o sedã Arrizo 5 e o SUV compacto Tiggo 2. Além disso, a Caoa é importadora dos automóveis feitos na Coreia do Sul pela Hyundai, como o sedã Elantra e o SUV Santa Fé. Também detém a importação da japonesa Subaru. A linha de caminhões Xcient foi lançada na Coreia do Sul em 2013. Inicialmente, o objetivo da Hyundai era atender países europeus, além do mercado doméstico. Porém, o plano foi expandido e a marca já está presente em países do Mercosul. Se forem mesmo oferecidos no Brasil, os caminhões da marca sul-coreana enfrentarão rivais consolidados, co­mo a linha de semipesados Atego, da Mercedes-Benz; e a de pesados FH, da Volvo. A investida mira oportunidades de negócios no Brasil e no exterior. O grupo liderado pelo empresário Carlos Alberto de Oliveira Andrade deve assumir o controle da fábrica de São Bernardo em dezembro. Em julho de 2020 entrará em vigor o acordo de livre comércio de cami­nhões e ônibus com o México. Diferentemente do que ocor­re com os auto­móveis, em que o México leva vantagem, nos caminhões é o Brasil que se sobressai. Volvo e Mercedes, por exemplo, fabricam no país produtos com o mesmo nível de tecnologia das matrizes na Europa.

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