quinta-feira, 9 de junho de 2022

Francischini e Bolsonaro: uma "nova" velha parceria

O presidente Jair Bolsonaro já tem planos para o ex-deputado estadual Fernando Francischini (União Brasil-PR), que teve a cassação do mandato confirmada pela Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal na terça-feira (07/06). Francischini foi cassado em outubro passado por espalhar fake news contra as urnas eletrônicas. De acordo com interlocutores do deputado ouvidos reservadamente pelo jornal "O Globo". do Rio de Janeiro, Bolsonaro pediu para que ele se engaje na campanha à reeleição como cabo eleitoral. O presidente da República quer que o deputado cassado viaje pelo país ao seu lado, para reforçar o discurso beligerante contra o TSE e as urnas. A ideia é usar o resultado do julgamento para acusar o TSE de agir politicamente contra Bolsonaro, uma vez que o presidente não consegue comprovar as acusações de fraudes nas urnas eletrônicas. A linha argumentativa bolsonarista é a de que o tribunal cala a boca e cassa o mandato de quem o critica. Na terça-feira (07/06), em evento no Planalto, Bolsonaro já colocou em ação essa estratégia, ao afirmar que Francischini “não espalhou fake news” contra as urnas. Também disse que não viverá como um rato e que ele próprio, Bolsonaro, já fez as mesmas acusações que levaram à cassação do mandato do aliado. Campeão de votos na campanha de 2018, o delegado paranaense foi o primeiro político a ser cassado na história do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por ter espalhado desinformação contra o sistema eletrônico de votação em uma live transmitida no dia do primeiro turno. O julgamento na Segunda Turma foi marcado por uma intensa articulação nos bastidores, que envolveu seis integrantes do STF. Bolsonarista de primeira hora, Francischini é aliado de Bolsonaro há anos – e foram vizinhos de gabinete quando ambos eram deputados federais. Durante a campanha de 2018, no entanto, a relação estremeceu: Bolsonaro ficou particularmente incomodado com a postura de Francischini de usar o seu nome para fazer promessas e angariar recursos para a campanha de deputado estadual. A cassação – por 6 votos a 1 – no plenário do TSE, os reaproximou. “Bolsonaro só entrou nisso quando percebeu que poderia ganhar alguma coisa nesse caso. Ele viu vantagem eleitoral”, admite um interlocutor de Francischini.


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