sexta-feira, 1 de setembro de 2023

Minerva paga R$ 7,5 bilhões por plantas da Marfrig

 A companhia Minerva, controlada por Fernando Queiroz está pagando R$ 7,5 bilhões pelo conjunto de ativos – sendo R$ 1,5 bilhão de sinal e o restante quando a transação obtiver aprovação do CADE. O JP Morgan estendeu uma linha de crédito de R$ 6 bilhões que ficará disponível por 18 meses e terá um prazo de 2 anos. Com a transação, a Marfrig foca seu negócio ainda mais em produtos processados – particularmente em frangos e suínos, dada sua participação na BRF – mas continuará vendendo carne bovina in natura de marcas como a Bassi Angus. Ao mesmo tempo, a transação ajuda Marcos Molina a dar um passo importante para sua desalavancagem na Marfrig. Consolidando sua participação na BRF (e já incluindo o aumento de capital), a Marfrig tem hoje uma dívida líquida de R$ 36 bilhões, ou 3,7x EBITDA. Segundo a empresa, quando todos os recursos da transação estiverem no caixa, essa métrica cairá para menos de 3x. A transação – que intensifica o foco da Minerva na carne in natura – é a mais transformacional na companhia desde a aquisição em 2017 das plantas da JBS na América do Sul, que aumentou a capacidade da empresa em 35% e custou US$ 300 milhões. Ao longo dos anos, Molina e Queiroz tiveram inúmeras conversas explorando potenciais combinações estratégicas ou venda de ativos entre as companhias – mas até agora, nunca havia existido um alinhamento entre os dois, seja em termos de motivação estratégica ou valuation. A Minerva – hoje uma companhia com R$ 29 bilhões de receita líquida e R$ 2,8 bilhões em EBITDA – adiciona R$ 18 bilhões em receita líquida e R$ 1,5 bilhão de EBITDA com a aquisição. Nas 19 aquisições que a Minerva fez nos últimos 14 anos, a companhia tipicamente extraiu sinergias que aumentaram sua margem EBITDA em 150 a 200 basis points nos primeiros 18 meses. Assumindo que o ganho de sinergia com os ativos da Marfrig fique em 70 basis points ao final do primeiro ano, a Minerva se transformará numa empresa de R$ 52 bilhões de receita líquida e R$ 5,1 bilhões em EBITDA, com sua alavancagem retornado para 2,6x em um ano. A transação também aprofunda a diversificação geográfica da Minerva. Depois do fechamento da aquisição, a Minerva terá 52% de sua capacidade instalada de bovinos no Brasil, 15% no Paraguai, 15% na Argentina, 11% no Uruguai e 7% na Colômbia. Os ativos adquiridos devem trazer um EBITDA estimado em R$ 1,5 bilhão. Assumindo um capex de manutenção de R$ 200 a 300 milhões/ano e uma despesa financeira de R$ 700 a 800 milhões dada a nova alavancagem, a transação já traria um fluxo de caixa livre entre R$ 300 a 400 milhões – sem incluir qualquer sinergia. Stocche Forbes e o White & Case assessoraram a Minerva. A Marfrig trabalhou com o Lefosse Advogados.


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